Economia

Invistam no país, ele está sendo colocado nos trilhos, diz Temer

O presidente, entretanto, fez uma ressalva em seu discurso favorável quando mencionou que há necessidade de um certo contingenciamento nas contas públicas

Temer: "que os investidores do Brasil e do exterior saibam que todas essas medidas de responsabilidade fiscal e social colocarão o Brasil no rumo certo", disse (Valter Campanato/Agência Brasil)

Temer: "que os investidores do Brasil e do exterior saibam que todas essas medidas de responsabilidade fiscal e social colocarão o Brasil no rumo certo", disse (Valter Campanato/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de março de 2017 às 12h23.

São Paulo - O presidente Michel Temer fez uma ampla exposição favorável do País durante seu discurso na abertura do 10º Brazil Conference do BofA Merril Lynch nesta quarta-feira, 29, em que citou vitórias do seu governo e conclamou investidores a investirem no Brasil.

"Aos investidores digo que podem investir. Estamos colocando o País nos trilhos. A quem vier depois de mim, os trilhos já estão colocados. Que os investidores do Brasil e do exterior saibam que todas essas medidas de responsabilidade fiscal e social colocarão o Brasil no rumo certo", afirmou na capital paulista.

Temer, contudo, fez uma ressalva em seu discurso favorável quando mencionou que há necessidade de um certo contingenciamento nas contas públicas "ou de outro gravame qualquer", mas ponderou que essas medidas serão transitórias. "Economia não decolou por inteiro", disse.

Há a expectativa do anúncio do corte efetivo no orçamento de 2017 e de outras medidas que serão necessárias, como impostos, para cobrir o rombo identificado de R$ 58 bilhões, para além do déficit já previsto de R$ 139 bilhões.

Com bastante tempo dedicado à defesa da Reforma da Previdência, que já passou por mudanças devido a resistências no Congresso e que na terça foi criticada pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), Temer afirmou que a proposta visa a equilibrar as finanças públicas.

"Poderíamos deixar para o futuro, mas as estatísticas mostram que, se não houver reforma, em 2024 só haverá verba para pagar o funcionalismo público e a previdência. Se não fizermos agora, daqui a três anos teremos que fazer as revisões nas aposentadorias, senão em sete anos, paralisamos o País."

O presidente ainda criticou "informações inverídicas" em torno da proposta, como a de que o trabalhador precisará trabalhar 49 anos para se aposentar, e disse que a idade mínima de 65 anos é similar à maioria dos países. Temer ainda reconheceu que há pontos em que pode haver negociação, como a questão da previdência rural.

Sobre os pontos positivos, o presidente citou a queda da inflação durante seu governo, que saiu do patamar de 10% para os atuais 4,8%. Houve também menção à trajetória de flexibilização da Selic, pois, segundo ele, as projeções mostram que a taxa deve chegar a um dígito.

"Não quero falar muito disso, porque diz respeito ao Banco Central (BC), mas isso é fruto de um governo que dialoga e do governo que tem responsabilidade fiscal, sem ela não teríamos a credibilidade que o País está reconquistando", reforçou.

A credibilidade, segundo ele, pode ser atestada com a elevação da perspectiva do rating soberano do Brasil de negativa para neutra pela Moody's. Temer ainda mencionou que o País pode reconquistar o grau de investimento em breve. Além disso, os leilões recentes de aeroportos e portos tiveram, na visão de Temer, "ágios estupendos".

Outro ponto citado pelo presidente como indicativo de que o País está se recuperando foi a criação de 35 mil vagas de trabalho em março, conforme os dados do Caged. Na questão de responsabilidade social, Temer citou a revalorização do Bolsa Família e a retomada das obras do Minha Casa Minha Vida. Segundo ele, há previsão orçamentária para a construção de mais 600 mil casas esse ano.

Apoio do Congresso

Em um momento em que enfrenta resistências no Congresso, o presidente Michel Temer destacou a importância do diálogo, especialmente com os parlamentares, para o bom andamento de governo.

Na terça, nove senadores do PMDB assinaram uma carta contra a sanção do projeto de terceirização aprovado na Câmara e Renan Calheiros chamou a reforma da Previdência de exagerada.

Durante seu discurso, Temer afirmou que em sua administração há diálogo pleno com o parlamento, o que era uma demanda no governo anterior.

Com isso, o presidente citou diversas medidas que foram aprovadas devido ao apoio do Congresso e estão ajudando na saída da recessão, como a PEC do Teto, a Reforma do Ensino Médio, a Lei das Estatais.

Em relação à Lei das Estatais, Temer disse que o projeto estava parado há muito tempo e a aprovação já gerou grandes resultados positivos, como a valorização de cerca de 145% das ações da Petrobras, além dos papeis do Banco do Brasil e da Eletrobras.

Sobre a PEC do Teto, o presidente lembrou que a medida precisou de um quórum especial no Congresso e mesmo assim foi aprovada em um curto prazo. Temer ainda criticou a oposição, que, segundo ele, dizia que sua administração ia acabar com os gastos públicos com saúde e educação. "No orçamento deste ano, aumentamos essas despesas em R$ 10 milhões."

O peemedebista ainda avaliou que a modernização das leis trabalhistas também logo deve ser aprovada. "Temos absoluta convicção de que aprovaremos essa 3ª reforma para o País."

Mais uma vez, Temer ressaltou ao diálogo ao dizer que o ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira conseguiu um acordo entre empregados e empregados em torno da reforma trabalhista, no qual o principal ponto é regulamentar a questão do acordado sobre o legislado.

Após o evento, Temer retornou para Brasília, conforme sua assessoria.

Acompanhe tudo sobre:Dívida públicaGoverno Temergrandes-investidoresMichel Temer

Mais de Economia

Chinesa GWM diz a Lula que fábrica em SP vai produzir de 30 mil a 45 mil carros por ano

Consumo na América Latina crescerá em 2025, mas será mais seletivo, diz Ipsos

Fed busca ajustes 'graduais' nas futuras decisões sobre juros