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Investimentos em infraestrutura caíram na América Latina

Brasília - Investimentos em infraestrutura caíram significativamente nos últimos anos na América Latina, segundo estudo divulgado hoje (2) pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) com a colaboração da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo afirma que durante a década de […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Brasília - Investimentos em infraestrutura caíram significativamente nos últimos anos na América Latina, segundo estudo divulgado hoje (2) pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) com a colaboração da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).

O estudo afirma que durante a década de 1980 os investimentos em infraestrutura eram de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Entre 2002 e 2006 os recursos se mantiveram em média em 1% do PIB nos países analisados. As exceções foram Chile e Colômbia, que superaram a média.

De acordo com o coordenador de desenvolvimento do Ipea, Bolívar Pêgo, em comparação com outros países da América Latina, o Brasil "está bem".

"De uma forma geral o Brasil se situa melhor do que a maioria. As exceções são os setores fluvial, no qual estamos muito aquém do que poderia, e algumas questões no que se refere a concessões [rodoviárias] que poderiam estar num patamar maior", apontou.

O estudo afirma que o transporte fluvial na região tem grande potencial, mas essa capacidade não é aproveitada por questões como restrições de calado - profundidade em que o navio está submerso na água - e também de dragagem para permitir a navegação de vários comboios de navios. O estudo aponta que alguns países como a Argentina, o Brasil e a Venezuela conseguiram avançar nessa área, mas o transporte fluvial da região ainda é incipiente.

Outro setor que apresenta problemas é o rodoviário. A região possui uma grande malha rodoviária, 35 mil quilômetros, mas em péssimas condições de trafegabilidade. Grande parte das rodovias da América Latina são antigas.


Pêgo afirmou que grande parte dos investimentos no setor rodoviário terão que ser públicos porque poucas estradas são atrativas para investimentos privados. "O setor rodoviário tem uma particularidade, grande parte [dos investimentos] das rodovias terão que ser oriundos de recursos fiscais, recursos públicos, e há uma pequena parte que é interessante para o setor privado pegar a concessão. Nesse ponto de vista é preciso que haja uma atenção significativa em relação a programação do investimento público", observou.

Perguntado se o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) poderia suprir os gargalos existentes nos setores que apresentam deficiências, o coordenador afirmou que o programa é uma importante iniciativa do governo mas há setores nos quais ele não é suficiente para atender a demanda.

O estudo aponta ainda que entre os setores ligados à infraestrutura, o de telecomunicações foi o que apresentou o maior nível de crescimento. Os setores de telefonia fixa e móvel apresentaram grande investimento em tecnologia o que possibilitou maior eficiência do setor. Contudo, esse crescimento está muito mais ligado a novas tecnologias do que às privatizações realizadas em vários países da região.

De acordo com a pesquisa, o setor de internet apresenta baixa densidade de conexões em relação aos países desenvolvidos. Na década passada, as conexões de internet na América Latina eram de 1,19 conexão para cada 100 habitantes. Em 2006 esse número subiu para 5,16 conexões a cada 100 habitantes. Na Oceania o número de conexões entre 2000 e 2006 cresceu 10%, o que representou um aumento de nove pontos na densidade de conexões por habitantes. No mesmo período a América Latina cresceu quatro pontos. O estudo afirma ainda que o preço de acesso à internet tem caído na região.

Apesar dos bons resultados no setor de telecomunicações, Pêgo alertou para a questão da regulação "para que a qualidade do serviço possa ser ampliada e melhorada."

Entre as recomendações do estudo para melhoria da infraestrutura nos países da América Latina estão o aumento dos investimentos, melhoria da eficiência dos serviços, ampliação das negociações para aumentar a integração regional, aperfeiçoamento dos marcos regulatórios e melhoria das instituições reguladoras.

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