Economia

Investimento estrangeiro na China cai ao menor nível em 30 anos

Deflação, crise imobiliária e sanções dos EUA são alguns dos motivos pela queda histórica

China: demanda interna está fraca em razão da queda do mercado imobiliário e da deflação. (MARK RALSTON/AFP/Getty Images)

China: demanda interna está fraca em razão da queda do mercado imobiliário e da deflação. (MARK RALSTON/AFP/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 05h58.

O investimento na China feito por empresas estrangeiras caiu para o menor nível em 30 anos, segundo dados oficiais divulgados neste domingo. Pressão sobre empresas, desaceleração econômica e sanções dos EUA são alguns dos motivos pela queda dos investimentos.

O investimento estrangeiro direto (IED) da China totalizou US$ 33 bilhões em 2023, de acordo com a Administração Estatal de Câmbio, queda de cerca de 80% em relação a 2022. Apesar do número ter sido positivo (mais dinheiro entrando do que saindo), o IED diminuiu pelo segundo ano consecutivo e é menos de 10% do pico de US$ 344 bilhões registrado em 2021.

O IED está no seu ponto mais baixo desde que o presidente Deng Xiaoping pressionou pela aceleração de sua política de reforma e abertura da economia durante uma viagem ao sul da China que fez em 1992.

As empresas estrangeiras têm reduzido suas operações no país depois que Pequim passou a se concentrar mais na proteção da segurança nacional, incluindo espionagem. As autoridades reforçaram o controle sobre as empresas de pesquisa que fazem análises de mercados. Também houve relatos de detenção de trabalhadores de empresas estrangeiras.

A Gallup, empresa de pesquisa americana, decidiu no ano passado retirar-se da China, de acordo com o Financial Times.

Semicondutores

Com os Estados Unidos restringindo o acesso da China ao mercado de semicondutores avançados, as empresas do setor claramente estão se afastando do país. A China foi responsável por 48% do IED global relacionado com chips em 2018. Este caiu para 1% em 2022, de acordo com o Rhodium Group.

Em contrapartida, o IED relacionado com chips americanos aumentou de 0% para 37% durante esse período. Já participação combinada de Índia, Cingapura e Malásia aumentou de 10% para 38%.

Automóveis e demanda interna fraca

Com a China tornando-se cada mais competitiva nesse mercado -  para ficar apenas no segmento dos elétricos, dos 9 milhões vendidos em todo o mundo em 2023, 5,1 milhões foram comercializados na China, segundo análise do Center of Automotive Management -, fabricantes de outros país resolveram mudar suas estratégias e alguns começaram a deixar o país. A Mitsubishi disse em outubro que deixaria de produzir automóveis na China. Toyota e Honda estão reduzindo pessoal em suas joint ventures chinesas.

A desaceleração prolongada do crescimento econômico da China é outra razão pela qual as empresas estrangeiras estão suspendendo investimentos. A demanda interna está fraca em razão da queda do mercado imobiliário e da deflação, fatores que preocupam as principais economias do mundo.

Para tentar melhorar a situação, o governo chinês aliviou no mês passado a exigência de receitas para empresas sujeitas a exames antes que joint ventures possam ser aprovadas a partir de leis antitruste. Ao facilitar a realização de aquisições, incluindo as que envolvem empresas estrangeiras, o governo espera que o mercado chinês fique mais atraente.

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