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Investidor não virará as costas ao Brasil, diz executivo do BofA

Para Claudio Irigoyen, do Bank of America, interesse dos investidores pelo Brasil ainda é grande

Bank of America (REUTERS/Mario Anzuoni/Reuters)

Bank of America (REUTERS/Mario Anzuoni/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de dezembro de 2017 às 14h57.

São Paulo - Para o chefe de Economia e Estratégia para América Latina do Bank of America Merrill Lynch, Claudio Irigoyen, mesmo que o cenário político no Brasil no ano que vem esteja nebuloso e confunda o mercado, ainda há um grande interesse internacional por empresas brasileiras.

Na avaliação do executivo argentino, o País segue no radar dos investidores internacionais embora pudesse se beneficiar ainda mais se fosse menos fechado. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O Brasil se recupera da crise mais rapidamente do que o imaginado pelos investidores?

Sim, com certeza. Os indicadores mais recentes da economia nos dão ideia de que o Brasil está virando esse jogo e a capacidade de recuperação do País é impressionante. O atual cenário nos leva a pensar em uma recuperação na casa dos 3% no ano que vem. Obviamente, tudo que está relacionado às eleições do ano que vem terá impacto nessa recuperação. Embora seja importante ter em mente que anos eleitorais afetam os investimentos e, no Brasil, não deve ser diferente.

Os anos de recessão afetaram a imagem do Brasil lá fora?

Em geral, os investidores mantiveram uma visão positiva sobre o Brasil. Os mercados preferenciais para a atração de investimentos na América Latina no ano que vem são Brasil e Argentina. Os investidores ainda estão apostando no Brasil. Há uma maior preocupação - e isso pode ser visto nos preços dos papéis - com os resultados da eleição do ano que vem, mas ainda é muito cedo para fazer uma análise das candidaturas que serão postas na mesa. Mas o investidor não vai virar as costas para uma economia do tamanho da brasileira, eles podem ficar preocupados com algumas mudanças de ciclo, mas o País sempre vai atrair interesse.

Mesmo com a incerteza política do ano que vem?

Sim, principalmente para os investidores de longo prazo. O Brasil é relativamente fechado em relação a outros países e já é assim há muito tempo. O País se beneficiaria bastante se abrisse mais a sua economia, mas eu não espero nenhuma mudança significativa em um futuro próximo. Mas mesmo de olho nas eleições de 2018, ainda há um grande número de investidores estrangeiros, de países como a China, tentando comprar empresas baratas no Brasil, independentemente do resultado da eleição. Eu acredito que a maioria dos investidores ficou impressionada com o que o governo atual conseguiu fazer em pouco tempo, pensando na restrição dos gastos públicos e na reforma trabalhista, por exemplo.

E a reforma da Previdência?

Olha, os investidores gostariam de mais reformas no Brasil.

O que seria mais importante para o investidor, a reforma da Previdência ou a fiscal?

O Brasil precisa de ambas, mas hoje a questão da Previdência é mais crítica, por ser fundamental para estabilizar o funcionamento do Estado no longo prazo. O problema é que o Brasil precisa de boas reformas e não apenas aprovar qualquer mudança. Quanto ao sistema tributário do Brasil, ele poderia ser mais simples. A reforma tributária seria um complemento à da Previdência.

O Estado brasileiro ficou muito maior do que deveria ser?

O mais honesto seria dizer que o Estado brasileiro pode ser reduzido. O problema do tamanho do Estado é que uma vez que ele é aumentado, fica difícil fazer uma redução quando se torna necessário. A gente vê isso acontecendo na Argentina, na Colômbia e o Brasil, claro, não é uma exceção.

Privatizar empresas estatais seria uma solução?

Há duas razões para vender uma empresa pública: o governo precisa do dinheiro ou não consegue administrá-la com competência e o setor privado tende a fazer uma melhor gestão. Se vende a empresa porque precisa de dinheiro, provavelmente não está fazendo o suficiente para cortar gastos.

O Brasil deve se sair melhor do que alguns vizinhos da América Latina, como Argentina, Colômbia e Peru, no ano que vem?

A Argentina ainda tem muitos problemas de contas públicas para resolver e o país escolheu resolver essas questões fiscais de maneira gradual. A economia peruana deve ser a que se sairá melhor no ano que vem, porque o país vem demonstrando que está fazendo uma política econômica responsável. Tanto a Colômbia quanto o México terão eleições no ano que vem, o que torna o cenário mais nebuloso. O Brasil deve se sair melhor do que os dois.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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