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'INSS não é botequim da esquina', diz Lupi após críticas por descontos em aposentadorias

Ministro comentou operação que investiga fraudes em descontos associativos

Agência o Globo
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Publicado em 28 de abril de 2025 às 17h35.

Última atualização em 28 de abril de 2025 às 17h39.

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O ministro da Previdência, Carlos Lupi, iniciou a reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) nesta segunda-feira dando explicações sobre a crise no INSS, decorrente de descontos indevidos dos aposentados. Ele destacou que tudo no INSS é "grandioso" e que o quadro de funcionários do órgão corresponde atualmente à metade do contingente de 15 anos atrás. Ele citou os 40,6 milhões de beneficiários e o ingresso mensal de 1,4 milhão de pedidos.

— Estou falando isso para dar uma dimensão sobre a grandiosidade do INSS. São 20 mil, 21 mil funcionários, metade do que foi há 15 anos.

Lupi justificou que todas as entidades com suspeita de irregularidades são "antigas" e que as acusações precisam ser comprovadas na investigação da Polícia Federal. São mais de 6 milhões de filiados às associações.

— O INSS não é botequim da esquina. Não dá para fazer em 24 horas, o trabalho precisa ser realizado — disse Lupi.

O ministro repetiu que tomou ações firmes, demitiu o diretor de Benefícios, André Fidelis, elaborou uma Instrução Normativa com novas regras para os descontos e realizou uma auditoria interna no INSS. Contudo, ele admitiu que "levou-se tempo demais".

— É um momento difícil em que você sofre muita pressão — disse Lupi, acrescentando que fez uma leitura dinâmica do relatório nesse domingo.

Entidades pedem volta de repasses

A partir da fala do ministro, representantes das entidades dos aposentados no Conselho aproveitaram para fazer apelo a Lupi pela liberação dos repasses para as entidades. Ele argumentaram que as associações não estão preparadas e que podem fechar as portas. Os sindicalistas pediram para "separar o joio do trigo".

Todos os repasses estão suspensos desde quarta-feira, quando uma ação conjunta da Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU), revelou um esquema de fraude nos acordos de entidades com o INSS para o desconto da taxa associativa, envolvendo R$ 6 bilhões.

Os sindicalistas defendem os repasses, enquanto as autoridades dão prosseguimento às investigações. A Operação "Sem Desconto" aponta suspeitas em 11 entidades.

Entenda a operação

A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram na semana passada uma megaoperação para combater descontos não autorizados em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS. O chefe do órgão, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo por decisão judicial e depois demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A operação, que envolveu centenas de policiais e auditores, foi autorizada pela Justiça do Distrito Federal para combater um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. As investigações apontam que a soma dos valores descontados chega a R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024, mas ainda será apurado qual porcentagem foi feita de forma ilegal.

As investigações apontaram que havia descontos sobre valores pagos mensalmente pelo INSS como se os beneficiários tivessem se tornado membros de associações de aposentados, quando, na verdade, não haviam se associado nem autorizado os descontos.

Após a operação, o governo suspendeu todos os acordos que previam desconto nas aposentadorias.

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