Economia

Iniciativa "Um Cinturão, Uma Rota" ganha força na Ásia

Desde que foi anunciado há 5 anos, projeto chinês deu impulso a bilhões de dólares em investimentos em ferrovias, estradas, portos e usinas de energia

Construção de usina em local de mineração de carvão no deserto de Thar no Paquistão (Asim Hafeez/Bloomberg)

Construção de usina em local de mineração de carvão no deserto de Thar no Paquistão (Asim Hafeez/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 11 de abril de 2018 às 16h31.

Última atualização em 11 de abril de 2018 às 20h32.

O gigantesco programa de construção da China para recriar rotas comerciais da Ásia para a África e a Europa está ganhando força.

Desde que o emblemático projeto "Um Cinturão, Uma Rota", do presidente Xi Jinping, foi anunciado há cerca de cinco anos, ele deu impulso a bilhões de dólares em investimentos chineses - alguns dos quais já estavam em preparação há vários anos - para construir ferrovias, estradas, portos e usinas de energia.

No entanto, o programa enfrenta algumas controvérsias: o risco da dívida está aumentando, um influxo de trabalhadores chineses tem gerado tensões com os moradores locais e há preocupações sobre o domínio da China na região. Além disso, nem todos os projetos foram bem-sucedidos.

"Até agora, os resultados têm sido heterogêneos", disse Michael Kugelman, associado sênior para o sul da Ásia no Woodrow Wilson Center, em Washington. "Sem dúvida, houve casos de sucesso, e também haverá mais deles, mas também houve contratempos."

Com muitos projetos em distintos estágios de desenvolvimento, medir o sucesso e os benefícios potenciais pode ser complicado.

A seguir, uma lista de projetos que, segundo analistas que acompanham os investimentos da iniciativa "Um Cinturão, Uma Rota", terão o maior impacto econômico para os países ao abrir rotas comerciais:

Oleoduto Kyaukpyu, em Myanmar

O oleoduto de US$ 1,5 bilhão que vai de Kyaukpyu a Kunming entrou em operação no ano passado, permitindo que os suprimentos de petróleo do Oriente Médio e da África cheguem à China mais rapidamente, porque as remessas já não precisam ser transportadas pelo estreito de Malaca e pelo Mar da China Meridional.

O gasoduto foi projetado para transportar 22 milhões de toneladas de petróleo bruto por ano, representando cerca de 5 por cento das importações anuais de petróleo da China.

Porto de Gwadar, no Paquistão

Compartilhando uma fronteira com a China, o Paquistão tem projetos que estão entre os mais desenvolvidos da iniciativa "Um Cinturão, Uma Rota".

O porto de águas profundas de Gwadar e um corredor de estradas e ferrovias com 3.000 quilômetros de extensão ligam a China ao Mar da Arábia.

Conexões ferroviárias na região Ásia-Pacífico

A China tem um plano para conectar os países do Sudeste Asiático com a região sudoeste de Yunnan por meio de uma série de ferrovias de alta velocidade.

Há três rotas planejadas: uma central, que atravessa o Laos, a Tailândia e a Malásia para chegar a Cingapura; uma rota ocidental que atravessa Myanmar; e uma rota oriental que atravessa o Vietnã e Camboja.

Ferrovias no Quênia

A China está substituindo trens decrépitos da era colonial por trens novos e mais rápidos em países africanos, da Etiópia ao Senegal.

Um dos principais projetos é a Standard Gauge Railway, que liga a cidade portuária de Mombaça, no Quênia, a vizinhos sem litoral, como Ruanda e Uganda, por meio de uma rede de linhas de alta velocidade.

Carvão de Thar, no Paquistão

O Paquistão está tentando extrair carvão no deserto de Thar, em um dos maiores depósitos conhecidos de linhito, uma versão marrom e de menor teor desse combustível. O projeto inclui a construção de usinas de energia para expandir a capacidade de eletricidade em um país que enfrenta escassez crônica.

Para este artigo, foram entrevistados analistas do Centro para o Desenvolvimento Global, da Exotix, da Business Monitor International, da Universidade de Boston, do Woodrow Wilson Center e do German Marshall Fund of the United States.

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