Economia

Infraero deve manter controle acionário de aeroportos, defende CUT

Presidente garantiu que central vai trabalhar para que o governo mantenha no mínimo 51% de participação nos aeroportos que terão concessão para a iniciativa privada

O Aeroporto Juscelino Kubitscheck, em Brasília, deve passar para o controle da iniciativa privada (Jonas Oliveira/PLACAR)

O Aeroporto Juscelino Kubitscheck, em Brasília, deve passar para o controle da iniciativa privada (Jonas Oliveira/PLACAR)

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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2011 às 13h53.

Brasília - O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique, garantiu que a entidade não medirá esforços para manter com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) o controle acionário dos aeroportos que adotarem o modelo de concessão à iniciativa privada. O governo pretende implantar esse modelo nos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo; Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília; e Viracopos, em Campinas (SP).

Segundo o presidente da CUT, o problema do modelo apresentado pelo governo “está na origem”. “Somos contrários à decisão de limitar em 49% a participação acionária da Infraero. Não há acordo nesse ponto porque, com ele, o governo abrirá mão do controle e da gestão dos aeroportos. O modelo precisa ter, no mínimo, 51% das ações nas mãos da estatal”, destacou Arthur Henrique manifestou durante a terceira reunião com representantes da Secretaria de Aviação Civil (SAC).

O encontro teve também a participação de membros da Infraero e da Secretaria-Geral da Presidência da República e do presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Francisco Lemos.

Para os representantes do governo, essa limitação tem como objetivo flexibilizar e garantir liberdade para a tomada de decisões rápidas de investimentos nos aeroportos. “A solução apresentada não dará certo da mesma forma como não deu nos setores elétrico e de telecomunicações”, argumenta o representante da CUT.

Ele explica que, caso o modelo apresentado seja o adotado, haverá o risco de as empresas aeroportuárias seguirem o exemplo da Light, empresa do setor elétrico que atua no Rio de Janeiro, e "atuarem apenas corretivamente, ao invés de preventivamente".

“Só que se o problema acontecer no setor aéreo, as consequências serão desastrosas”, avalia. “Todos sabemos que essas terceirizações acabam servindo como jogo de empurra das responsabilidades, a exemplo do que vimos recentemente nas denúncias de atraso na entrega de malas nos aeroportos”, ressaltou.

A CUT sugere que os financiamentos previstos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devam ser dirigidos à estatal. “Parte dos recursos continuarão a cargo do BNDES. Por que então não emprestá-los à Infraero?”, questionou o sindicalista.

Artur Henrique elogiou a iniciativa de o governo sentar à mesa para ouvir o que os trabalhadores representantes dos setores aeroportuário, aeroviário e aeronáutico têm a dizer. “No próximo dia 11, haverá nova reunião. Manteremos nossa posição crítica a esse modelo concebido, e se continuar dessa forma usaremos todos os recursos necessários para fazer com que a Infraero seja a operadora exclusiva, detendo pelo menos 51% das ações”.

A Secretaria de Aviação Civil informou que não irá se pronunciar, neste momento, sobre o assunto.

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