Economia

Inflação sobe 0,89% em novembro e fura centro da meta em 12 meses

Indicador atingiu maior resultado para o mês desde 2015. Juntos, alimentos e bebidas e transportes representaram cerca de 89% da alta do IPCA

Carnes: alimento ajudou a pressionar o IPCA de novembro, com alta de mais de 6% (Bruna Prado/Getty Images)

Carnes: alimento ajudou a pressionar o IPCA de novembro, com alta de mais de 6% (Bruna Prado/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 09h00.

Última atualização em 8 de dezembro de 2020 às 10h12.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no país, subiu 0.89% em novembro, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 8.

Trata-se do maior resultado para um mês de novembro desde 2015, quando o indicador foi de 1,01%, destaca o instituto. Em outubro, o índice havia subido um pouco menos (0,86%). 

O resultado veio acima das expectativas de mercado, cuja mediana ficava em torno de 0,78%. 

No ano, o indicador acumula alta de 3,13% e, em 12 meses, de 4,31%, acima dos 3,92% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e superior ao centro da meta, que é de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

A exemplo do que vem acontecendo nos últimos meses, o IPCA vem sendo pressionado pelo grupo alimentos e bebida, que variou 2,54% em novembro. O grupo sofreu pressão de alimentos para consumo no domicílio (3,33%), dos quais fazem parte as carnes, que, nesse mês, registraram alta de mais de 6%, a batata-inglesa, que subiu quase 30% e o tomate, com alta de 18,45%.

O IBGE destaca também a alta nos preços de outros produtos importantes na cesta das famílias, como o arroz (6,28%) e o óleo de soja (9,24%).

(IBGE/Divulgação)

A segunda maior contribuição positiva do índice foi do grupo transportes, com avanço de 1,33% em novembro. O movimento teve influência do aumento no preço da gasolina (1,64%). O combustível passou no mês pela sexta alta consecutiva.

Juntos, os grupos de alimentos e bebidas e transportes representaram cerca de 89% da alta do IPCA de novembro, destaca o IBGE.

A expectativa de analistas de mercado monitorada pelo Banco Central semanalmente aponta para alta anual de 4,21% do IPCA neste ano. Na semana anterior, o número era 3,54%. Já para 2021, as previsões apontam para IPCA de 3,47%.

Não são só os alimentos individualmente que vêm prejudicando o IPCA. Vale mencionar a forte pressão que os preços vêm sofrendo da conjunção entre câmbio desvalorizado e alta nos preços de commodities. "Essa pressão também afeta toda a cadeia industrial para além da cadeia de alimentação", diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados em carta aos clientes divulgada na semana passada.

O real já acumula queda ao redor de 30% em relação ao dólar neste ano. "Sem sinais de melhora nos preços de commodities e no câmbio, há grandes chances de (a inflação em) dezembro ser ainda maior", diz.

Vale lembrar que a meta de inflação para o ano que vem é de 3,75% e de 3,5% em 2022.

 

GrupoVariação (%)Impacto (p.p.)
OutubroNovembroOutubroNovembro
Índice Geral0,860,890,860,89
Alimentação e bebidas1,932,540,390,53
Habitação0,360,440,050,07
Artigos de residência1,530,860,060,03
Vestuário1,110,070,050,00
Transportes1,191,330,240,26
Saúde e cuidados pessoais0,28-0,130,04-0,02
Despesas pessoais0,190,010,020,00
Educação-0,04-0,020,000,00
Comunicação0,210,290,010,02
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

Pressão nas contas públicas

Também chamado de "inflação dos mais pobres", o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) tem maior peso dos alimentos em sua composição e mostra uma trajetória mais acentuada do que o IPCA.

O INPC subiu 0,95% em novembro ante alta de 0,89% no mês anterior. Trata-se do maior resultado para o mês desde 2015, quando a alta foi de 1,11%.

O índice é usado para corrigir gastos federais com benefícios previdenciários e salário mínimo, por exemplo, e impacta diretamente nas contas públicas.

No ano, o INPC acumula alta de 3,93% e, nos últimos doze meses, de 5,20%, acima dos 4,77% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores, diz o IBGE.

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