Economia

Inflação real do Brasil seria de 8% sem controle de Dilma

Presidente vem combatendo a inflação mantendo baixos os preços regulados pelo governo


	Vendedor segura sacola de tomates em Feira Livre no bairro da Mooca, em São Paulo
 (Nacho Doce/Reuters)

Vendedor segura sacola de tomates em Feira Livre no bairro da Mooca, em São Paulo (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2014 às 22h54.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff vem combatendo a inflação mantendo baixos os preços regulados pelo governo. A conta virá no ano que vem.

O vencedor da eleição presidencial de outubro sofrerá as consequências das políticas que seguraram os preços da energia elétrica em 30 por cento, as tarifas dos ônibus urbanos em 20 por cento e os preços da gasolina em 15 por cento desde 2011, segundo dados da empresa Modal Asset Management, com sede no Rio de Janeiro.

Levantar os controles irá desencadear pressões que manterão a inflação acima do ponto médio da meta pelo sexto ano seguido.

Os preços ao consumidor, medidos pelo índice de referência IPCA, subiram 0,4 por cento em junho, empurrando a inflação anual para 6,52 por cento, disse o IBGE hoje.

Os preços estariam subindo quase 8 por cento se não fossem os controles, segundo estimativa de Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs Group Inc., que falou por telefone, de Nova York.

Elevar os preços regulados torna-se um trabalho ainda mais delicado dado o contexto de crescimento fraco, segundo Flávio Serrano, economista sênior do Banco Espírito Santo de Investimento.

“É um enorme desafio”, disse Serrano, por telefone, de São Paulo. “É preciso encontrar uma forma de ajustar os preços de maneira que a economia não sofra demais, que a inflação melhore e que o descontentamento social seja evitado”.

O crescimento do Brasil no primeiro trimestre foi de metade do ritmo dos três meses anteriores, pois a indústria registrou uma contração e os investimentos tiveram o maior encolhimento em dois anos.

Economistas consultados pelo Banco Central estimam que a economia se expandirá 1,07 por cento neste ano e 1,50 por cento em 2015, contra 2,5 por cento em 2013.

Crescimento mais lento

O crescimento mais lento não ajudou a conter a inflação, que continuou acima da meta oficial de 4,5 por cento durante todo o mandato de Dilma e excederá o teto de 6,5 por cento da faixa-meta em setembro, segundo uma previsão do Banco Central.

Embora elevar os preços regulados possa ser uma medida impopular, não há maneira de o governo evitá-la, disse André César, diretor de política pública e estratégia empresarial da empresa de consultoria Prospectiva.

“Os consumidores sentirão o impacto no bolso, sem dúvida”, disse César, por telefone, de Brasília. “O efeito se espalhará entre pessoas comuns, empresas e contribuintes. Os ajustes de preços são mais do que necessários. Eles são quase urgentes”.

Os itens submetidos aos controles de preço responderam por 22,7 por cento do índice de inflação de junho, segundo o IBGE.

Os dois principais adversários de Dilma no primeiro turno da eleição presidencial, em 5 de outubro, que são o ex-governador Eduardo Campos e o senador da oposição Aécio Neves, prometeram mudanças nas políticas de preços regulados.

O Banco Central e o Palácio do Planalto preferiram não comentar a respeito de futuros ajustes nos preços regulados. O Ministério da Fazenda não estava disponível para comentar quando foi procurado por telefone e e-mail.

Os investidores têm reagido aos controles de preços.

O Índice de Energia Elétrica da Bovespa, que inclui as 16 principais usinas do Brasil, caiu 8,8 por cento no ano passado após afundar 12 por cento em 2012, quando Dilma anunciou que as renovações de licenças seriam concedidas apenas a empresas que reduzissem os preços.

O índice subiu em 2014 depois que as pesquisas mostraram, no início deste ano, uma queda no apoio à reeleição de Dilma.

O apoio à candidatura da presidente subiu para 38 por cento em julho, contra 34 por cento em junho, o primeiro ganho deste ano, segundo uma consulta realizada em 1 e 2 de julho pelo Datafolha, com sede em São Paulo.

Aécio Neves teve 20 por cento, acima dos 19 por cento de um mês antes, mostrou a pesquisa feita com 2.857 pessoas, que tem uma margem de erro de dois pontos porcentuais. O apoio a Dilma era de 44 por cento em fevereiro.

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