Economia

Inflação mais baixa abre espaço para corte maior dos juros

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,33 por cento em fevereiro, contra 0,38 por cento em janeiro

IPCA: nos 12 meses até fevereiro, o índice avançou 4,76 por cento, sobre 5,35 por cento no mês anterior (Thinkstock/Thinkstock)

IPCA: nos 12 meses até fevereiro, o índice avançou 4,76 por cento, sobre 5,35 por cento no mês anterior (Thinkstock/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 10 de março de 2017 às 10h34.

São Paulo / Rio de Janeiro - A inflação oficial brasileira fechou fevereiro abaixo do esperado favorecida pela queda nos preços dos alimentos, aproximando-se da meta do governo e pavimentado ainda mais o caminho para o Banco Central acelerar o ritmo de cortes de juros já no próximo mês.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,33 por cento em fevereiro, contra 0,38 por cento em janeiro, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É o resultado mais baixo para o mês desde 2000 (0,13 por cento) e melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,45 por cento.

Nos 12 meses até fevereiro, o índice avançou 4,76 por cento, sobre 5,35 por cento no mês anterior, ficando muito perto do centro da meta oficial --de 4,5 por cento com margem de 1,5 ponto percentual.

Nessa base de comparação, o IPCA voltou à casa dos 4 por cento pela primeira vez desde meados de 2012, registrando o nível mais baixo desde setembro de 2010 (4,70 por cento). A expectativa de especialistas ouvidos pela Reuters era de que o índice ficasse em 4,88 por cento.

Feijão e Frango

O grupo que mais contribuiu para o resultado melhor do IPCA de fevereiro foi alimentos, que compensou a forte alta sazonal nos preços de educação, mostrou o IBGE.

Os preços do grupo Alimentação e Bebidas recuaram 0,45 por cento, com impacto negativo de 0,11 ponto percentual no IPCA e no nível mais baixo desde julho de 2010 (-0,76 por cento). Entre os produtos que ficaram mais baratos em fevereiro, destacaram-se as quedas de 14,22 por cento do feijão-carioca e de 3,83 por cento do frango inteiro.

Na outra ponta, a inflação de Educação chegou a 5,04 por cento refletindo os reajustes de início de ano, em especial os das mensalidades de cursos regulares (+6,99 por cento).

"A oferta de alimentos se sobrepôs à demanda menor em fevereiro. Os alimentos estão mais baratos pela grande e forte safra para este ano", disse o coordenador do IBGE Fernando Gonçalves.

A inflação de serviços, que o BC vem observando com atenção para a condução da política monetária, também mostrou maior pressão ao acelerar a alta a 0,84 por cento em fevereiro, sobre 0,36 por cento no mês anterior. Entretanto, em 12 meses foi abaixo de 5 por cento, para 5,95 por cento, contra 6,18 por cento em janeiro.

As estimativas para a inflação neste ano e no próximo, na última pesquisa Focus do BC, são respectivamente de 4,36 e 4,50 por cento.

O cenário de alívio no IPCA ratifica o movimento de afrouxamento monetário que vem sendo feito pelo BC, com a Selic já caindo 2 pontos percentuais, a 12,25 por cento, desde o início dos cortes em outubro. No último encontro, em fevereiro, o corte foi de 0,75 ponto percentual.

Agora, economistas já precificam chances maiores de o BC acelerar o corte na reunião de abril para 1 ponto, cenário que o mercado de juros futuros também passou a apontar após o resultado do IPCA.

"A desinflação é bem difusa e é um tipo de IPCA que qualquer banqueiro central gostaria de ver. Todas as notícias recentes são para um corte de 1 ponto percentual (em abril)", disse o economista do Banco Pine Marco Caruso.

Na ata de sua última reunião, o BC afirmou que uma intensificação do ritmo de corte nos juros básicos equivale a maior grau de antecipação desse ciclo de flexibilização, reforçando que pode acelerar o passo em breve.

"O resultado (do IPCA) consolida o caminho para o BC acelerar o ritmo e calculamos que em quatro reuniões pode chegar a uma Selic em 9 por cento, com dois cortes seguidos de 1 ponto", disse o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, para quem o BC pode antecipar o ciclo de afrouxamento.

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