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Publicado em 11 de abril de 2023 às 09h08.
Última atualização em 11 de abril de 2023 às 12h53.
A inflação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal índice inflacionário brasileiro, fechou o mês de março com alta de 0,71%, desacelerando após a alta de 0,84% em fevereiro. O resultado foi divulgado nesta terça-feira, 11, pelo IBGE. A inflação acumulada em 12 meses também chegou a seu menor patamar em mais de dois anos.
O resultado veio levemente abaixo das expectativas do mercado, que apostava em alta de 0,78% do IPCA em março.
O grupo "Transportes", que inclui os combustíveis, foi o principal destaque do mês. A gasolina foi o item que mais subiu individualmente, com alta de mais de 8%.
Outro destaque nas altas foram planos de saúde, que têm subido progressivamente nos últimos meses.
Já o preço da alimentação em domicílio teve queda de 0,14% no mês, impactando na desaceleração do IPCA de março.
O Ibovespa futuro abriu em alta de mais de 1% na manhã desta terça-feira, impactado pela perspectiva de inflação menor no Brasil, além de dados de inflação na China. O IPCA mais fraco nesta manhã pode aumentar a pressão para que o Banco Central comece a reduzir a taxa Selic, hoje em 13,75%.
No ano, a expectativa dos agentes de mercado é que a inflação ainda volte a subir em alguma medida e feche 2023 em 5,98%, segundo a última edição do boletim Focus.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito tiveram alta em março. Apesar disso, sete grupos desaceleraram frente ao resultado de fevereiro.
O grupo "Transportes" foi na contramão e teve alta de 2,11% (acelerando frente aos 0,37% de fevereiro). Sozinho, o grupo teve impacto de 0,43 p.p. no índice, o maior dos nove grupos. Desse impacto, a maior parte (0,39 p.p.) veio só da gasolina.
A alta na gasolina em março foi influenciada sobretudo pela volta da cobrança de impostos federais, que estavam provisoriamente zerados desde o ano passado. A reoneração entrou em vigor em 1º de março.
Com exceção da gasolina e do etanol, outros combustíveis tiveram queda de preço:
As tarifas de táxi e trem também tiveram reajuste em algumas capitais, influenciando na alta geral nos transportes.
O segundo grupo com maior aumento nos preços foi "Saúde e Cuidados Pessoais", com alta de 0,82% em março.
A alta no grupo de saúde veio puxada por planos de saúde, que subiram 1,20% em março, ainda "incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023", segundo o IBGE.
Outro destaque veio do grupo "Habitação" (alta de 0,57%), no qual a energia elétrica residencial subiu 2,23%.
A única queda veio de "Artigos de residência" (-0,27%), com as reduções nos preços de itens como televisão e computador.
“As promoções realizadas durante a semana do consumidor, ocorrida em março, podem ter influenciado”, disse em nota André Almeida, analista da pesquisa do IPCA no IBGE.
O grupo "Alimentação e bebidas" ficou praticamente estável, com alta de 0,05% (desacelerando frente aos 0,16% de fevereiro).
A variação baixa foi puxada pela queda em alimentação em domicílio, que continuou movimento de desaceleração visto nos últimos meses e caiu 0,14% em março (após alta de 0,04% em fevereiro).
Dentre as maiores quedas:
As altas ficaram por conta da cenoura (28,58%) e do ovo de galinha (7,64%).
Já a inflação da alimentação fora de casa acelerou, variando 0,60% (acima dos 0,50% de fevereiro). O lanche subiu 1,09% e a refeição subiu 0,41%.
O INPC, índice medido pelo IBGE que abrange famílias mais pobres, teve alta de 0,64% em março, pouco abaixo do IPCA e acima do registrado em fevereiro (0,77%). Em 12 meses, o INPC acumula alta de 4,36%.
O INPC mede as variações na cesta de famílias de 1 a 5 salários mínimos nas principais regiões metropolitanas.
Os dados são os últimos divulgados no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE. A inflação fechada de cada mês é sempre divulgada no início do mês seguinte.
O consenso dos analistas é de inflação em 5,98% no ano de 2023, de acordo com a última edição do boletim Focus, publicada em 10 de março. A projeção diz respeito às opiniões de analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central semanalmente.
Como em todos os índices inflacionários, o IPCA tem uma variação mensal, que diz respeito a quanto os preços dos produtos e serviços pesquisados subiram em um mês. Já o acumulado diz respeito à variação em um período maior.
O IPCA acumulado nos últimos 12 meses, por exemplo, é a soma das variações ao longo desse período. Já o IPCA acumulado só neste ano de 2023, por ora, é a inflação vista em janeiro, fevereiro e março.
O IPCA é calculado pelo IBGE com base em uma cesta de produtos e serviços que, por meio de pesquisas e outras informações, se sabe que um brasileiro típico consume. O IPCA, assim, tenta apontar "a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos", segundo o IBGE. O índice é dividido em nove grupos:
Cada grupo tem dezenas ou até centenas de itens cujos preços são monitorados para calcular o valor final do IPCA. Além disso, os itens têm pesos diferentes no cálculo do índice. As passagens aéreas, por exemplo, têm peso menor do que o transporte público, por serem usadas por uma fatia menor da população ou com menos frequência.
O IPCA é somente um dos índices que medem a inflação. Há outros, com focos e pesos distintos. Para reajustar o aluguel, por exemplo, muitos locatários costumam usar o IGP-M (Índice Geral de Preços), que tem impacto maior de frentes como o dólar; já para obras, se usa o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que confere maior peso aos custos dos materiais de construção.
O IPCA é o principal índice brasileiro por ser usado para mensurar a inflação em canais oficiais, como nas metas do governo e do Banco Central. O INPC, por sua vez, é usado para reajustar o salário mínimo, por dizer respeito a famílias com até cinco salários mínimos.