Repórter de Economia e Mundo
Publicado em 12 de maio de 2023 às 09h11.
Última atualização em 12 de maio de 2023 às 10h30.
A inflação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal índice inflacionário brasileiro, fechou o mês de abril com alta de 0,61%, desacelerando após a alta de 0,71% em março. O resultado foi divulgado nesta sexta-feira, 12, pelo IBGE. A inflação acumulada em 12 meses segue em seu menor patamar em mais de dois anos, desde outubro de 2020.
O resultado veio levemente acima das expectativas do mercado, que apostava em alta de 0,54% no IPCA de abril.
Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta. Os principais destaques foram as altas em planos de saúde e produtos farmacêuticos, além dos alimentos, que voltaram a subir após meses de desaceleração. Já a gasolina, que havia tido alta em março com a reoneração de impostos federais, teve queda de preço em abril.
Ao contrário dos meses anteriores, quando o maior impacto havia sido do grupo "Transportes" devido à alta na gasolina, o grupo "Saúde e cuidados pessoais" foi o principal destaque de abril.
O grupo teve o maior impacto no índice (0,19 p.p.) e a maior variação (1,49%), puxado pela alta autorizada no preço dos medicamentos.
No IPCA de abril, os produtos farmacêuticos subiram 3,55%.
“O resultado nesse grupo foi influenciado pela alta nos produtos farmacêuticos, justificada pela autorização do reajuste de até 5,60% no preços nos medicamentos, a partir de 31 de março”, disse em nota o analista da pesquisa no IBGE, André Almeida.
No mesmo grupo, o preço dos planos de saúde também subiu 1,20% no mês, após ter apresentado altas sequenciais nos meses anteriores. "Houve incorporação das frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023”, disse Almeida.
O grupo "Transportes", que inclui combustíveis e vinha liderando as altas nos últimos meses, desacelerou em abril. O grupo teve alta de 0,56% (após alta de 2,11% em março), contribuindo com 0,12 p.p. para IPCA de abril.
O preço dos combustíveis caiu 0,44% em abril, após ter tido alta de 7% em março.
O grupo "Alimentação e bebidas" teve alta de 0,71% no mês, interrompendo a desaceleração nos períodos anteriores.
A alimentação em domicílio saiu de -0,14% em março para alta de 0,73% em abril.
A alimentação fora do domicílio ficou praticamente estável em relação ao mês anterior, subindo 0,66%, após alta de 0,60% em março.
No todo, o acumulado em 12 meses de 4,18% em abril representa o menor patamar da inflação brasileira desde outubro de 2020, quando o acumulado havia ficado em 3,92% (veja no gráfico abaixo).
No ano, a expectativa dos agentes de mercado é que a inflação ainda volte a subir em alguma medida e feche 2023 em 6,02%, segundo a última edição do boletim Focus.
O INPC, índice medido pelo IBGE que abrange famílias mais pobres, teve alta de 0,53% em abril, pouco abaixo do IPCA e acima do registrado em março (0,64%). Em 12 meses, o INPC acumula alta de 3,83%, também em desaceleração.
O INPC mede as variações na cesta de famílias de 1 a 5 salários mínimos nas principais regiões metropolitanas.
Os dados são os últimos divulgados no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE. A inflação fechada de cada mês é sempre divulgada no início do mês seguinte.
O consenso dos analistas é de inflação em 6,02% no ano de 2023, de acordo com a última edição do boletim Focus, publicada em 8 de maio. A projeção diz respeito às opiniões de analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central semanalmente.
Como em todos os índices inflacionários, o IPCA tem uma variação mensal, que diz respeito a quanto os preços dos produtos e serviços pesquisados subiram em um mês. Já o acumulado diz respeito à variação em um período maior.
O IPCA acumulado nos últimos 12 meses, por exemplo, é a soma das variações ao longo desse período. Já o IPCA acumulado só neste ano de 2023, por ora, é a inflação vista em janeiro, fevereiro e março.
O IPCA é calculado pelo IBGE com base em uma cesta de produtos e serviços que, por meio de pesquisas e outras informações, se sabe que um brasileiro típico consume. O IPCA, assim, tenta apontar "a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos", segundo o IBGE. O índice é dividido em nove grupos:
Cada grupo tem dezenas ou até centenas de itens cujos preços são monitorados para calcular o valor final do IPCA. Além disso, os itens têm pesos diferentes no cálculo do índice. As passagens aéreas, por exemplo, têm peso menor do que o transporte público, por serem usadas por uma fatia menor da população ou com menos frequência.
O IPCA é somente um dos índices que medem a inflação. Há outros, com focos e pesos distintos. Para reajustar o aluguel, por exemplo, muitos locatários costumam usar o IGP-M (Índice Geral de Preços), que tem impacto maior de frentes como o dólar; já para obras, se usa o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que confere maior peso aos custos dos materiais de construção.
O IPCA é o principal índice brasileiro por ser usado para mensurar a inflação em canais oficiais, como nas metas do governo e do Banco Central. O INPC, por sua vez, é usado para reajustar o salário mínimo, por dizer respeito a famílias com até cinco salários mínimos.