Mercado de rua em São Paulo (Paulo Fridman/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 10 de março de 2017 às 09h04.
Última atualização em 26 de julho de 2017 às 19h20.
São Paulo - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,33% em fevereiro, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É a taxa mais baixa para o mês desde 2000, quando foi de 0,13%, e representa queda em relação a janeiro, quando foi de 0,38%.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses ficou em 4,76%, após ter registrado 5,35% nos 12 meses imediatamente anteriores.
A meta de inflação anual no país é de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Uma redução na meta pode ocorrer em junho, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reunirá para ratificar ou não a meta de 2018 e fixar a do ano seguinte. A questão divide economistas.
Grupos
Dos 9 grupos pesquisados, 3 caíram e 6 subiram em relação ao mês anterior, mas com impactos desproporcionais.
O grupo Educação foi o grande responsável pela inflação mensal, com alta de 5,04% e impacto de 0,23 ponto percentual no índice final.
Isso é um reflexo dos reajustes praticados no início do ano letivo, em especial nas mensalidades dos cursos regulares, que tiveram alta de 6,99%.
O maior impacto para baixo (-0,11 ponto percentual) na inflação de fevereiro foi a de Alimentação e Bebidas, de longe o grupo com maior peso na formação do índice.
Depois de subirem 0,35% em janeiro, os alimentos e bebidas caíram 0,45% em fevereiro.
"As chuvas ficaram mais bem distribuídas, e isso favoreceu a safra e melhorou a oferta dos produtos", diz José Fernando Gonçalves, pesquisador do IBGE.
Foi o menor resultado desde julho de 2010. Se considerarmos apenas o mês de fevereiro, foi a queda mais intensa desde que o plano Real começou em 1994.
As passagens aéreas caíram 12,29% e tiveram o maior impacto individual negativo na inflação de fevereiro: -0,05 ponto percentual no índice final.
Foi quase suficiente para anular a alta de 2,33% nos ônibus urbanos, que tiveram impacto de 0,06 ponto percentual na taxa final.
Grupo | Variação janeiro, em % | Variação fevereiro, em % |
---|---|---|
Índice Geral | 0,38 | 0,33 |
Alimentação e Bebidas | 0,35 | -0,45 |
Habitação | 0,17 | 0,24 |
Artigos de Residência | -0,10 | 0,18 |
Vestuário | -0,36 | -0,13 |
Transportes | 0,77 | 0,24 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,55 | 0,65 |
Despesas pessoais | 0,45 | 0,31 |
Educação | 0,29 | 5,04 |
Comunicação | 0,63 | 0,66 |
Grupo | Impacto janeiro, em p.p. | Impacto fevereiro, em p.p. |
---|---|---|
Índice Geral | 0,38 | 0,33 |
Alimentação e Bebidas | 0,09 | -0,11 |
Habitação | 0,03 | 0,04 |
Artigos de Residência | 0,00 | 0,01 |
Vestuário | -0,02 | -0,01 |
Transportes | 0,14 | 0,04 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,06 | 0,08 |
Despesas pessoais | 0,05 | 0,03 |
Educação | 0,01 | 0,23 |
Comunicação | 0,02 | 0,02 |
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse em entrevista ontem, antes da divulgação dos dados, que o país está em um processo de desinflação:
"Tem a queda dos alimentos, mas há uma desinflação mais difundida. Temos queda na inflação de serviços e de outros componentes."