O litro da gasolina ficou em média 2,2% mais caro em setembro, puxando uma alta de 1,91% nos combustíveis (FeelPic/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 6 de outubro de 2017 às 09h03.
Última atualização em 6 de outubro de 2017 às 12h01.
São Paulo - A inflação no Brasil foi de 0,16% em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (06).
É menos do que os 0,19% de agosto, mas o dobro dos 0,08% registrados em setembro de 2016.
Com isso, o acumulado dos últimos 12 meses ficou em 2,54%, abaixo do piso da meta do governo que é de 4,5% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (6%) ou para baixo (3%).
Se a inflação ficar fora da meta no balanço anual, o presidente do Banco Central terá de escrever uma carta aberta para o ministro da Fazenda explicando o porquê disso ter acontecido e o que será feito para mudar o cenário.
Isso aconteceu pela última vez em 2015. No ano passado, a inflação foi de 6,29% e última projeção de analistas consultados pelo BC é que a taxa de 2017 feche em 2,95%.
No acumulado de 2017 até agora, a inflação está em 1,78%. É a menor taxa para o período desde 1998 e muito abaixo dos 5,51% registrados entre janeiro e setembro de 2016.
Entre as razões apontadas por economistas estão a profundidade da recessão e o alto desemprego, que refletem em menor demanda pelos produtos e serviços e um menor espaço para aumento de preços.
Grupos
O litro da gasolina ficou em média 2,2% mais caro em setembro, puxando uma alta de 1,91% nos combustíveis.
Só este fator elevou, sozinho, a inflação em 0,10 ponto percentual, o maior impacto individual. O resultado foi influenciado pela política de reajuste de preços dos combustíveis dos últimos meses.
Ainda assim, a alta do grupo Transportes foi amenizada de 1,53% em agosto para 0,79% em setembro, já a pressão extra da alta de impostos foi absorvida no mês anterior.
Outro item que pesou nos Transportes foram as passagens aéreas, que subiram 21,9% e tiveram sozinhas um impacto positivo de 0,7 ponto percentual na taxa mensal.
Dos 9 grupos pesquisados pelo IBGE, 7 caíram e só 2 aceleraram em setembro em relação ao mês anterior.
Alimentação e Bebidas, de longo o grupo com maior peso no índice, caiu pelo quinto mês seguido, mas o tombo de 0,41% em setembro foi menos profundo do que os -1,07% registrados em agosto.
“A safra do primeiro semestre foi o aspecto determinante para a diminuição no valor dos alimentos", diz em comunicado Fernando Gonçalves, o gerente da pesquisa.
O grupo Habitação foi de 0,57% em agosto para -0,12% em setembro em grande parte devido a uma queda de -2,48% nas contas de energia elétrica.
Isso foi resultado principalmente da mudança na bandeira tarifária, que estava vermelha em agosto (com adicional de R$ 0,03 a cada Kwh consumido) e ficou amarela em setembro (adicional de R$ 0,02 a cada Kwh consumido).
Mas o grupo também teve impactos positivos. O gás de cozinha vendido em botijões de 13kg teve um reajuste médio de 12,20% em vigor desde 06 de setembro, causando uma alta de 4,81% no item.
Grupo | Variação agosto, em % | Variação setembro, em % |
---|---|---|
Índice Geral | 0,19 | 0,16 |
Alimentação e Bebidas | -1,07 | -0,41 |
Habitação | 0,57 | -0,12 |
Artigos de Residência | 0,20 | 0,13 |
Vestuário | 0,29 | 0,28 |
Transportes | 1,53 | 0,79 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,41 | 0,32 |
Despesas pessoais | 0,29 | 0,56 |
Educação | 0,24 | 0,04 |
Comunicação | -0,56 | 0,50 |
Grupo | Impacto agosto, em p.p. | Impacto setembro, em p.p. |
---|---|---|
Índice Geral | 0,19 | 0,16 |
Alimentação e Bebidas | -0,27 | -0,10 |
Habitação | 0,09 | -0,02 |
Artigos de Residência | 0,01 | 0,00 |
Vestuário | 0,02 | 0,02 |
Transportes | 0,27 | 0,14 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,05 | 0,04 |
Despesas pessoais | 0,03 | 0,06 |
Educação | 0,01 | 0,00 |
Comunicação | -0,02 | 0,02 |