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João Pedro Caleiro
Publicado em 11 de janeiro de 2019 às 09h02.
Última atualização em 11 de janeiro de 2019 às 11h28.
São Paulo - A inflação no Brasil foi de 0,15% em dezembro, informou nesta sexta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foi a menor taxa para o mês desde o início do Plano Real e com isso, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou o ano passado em 3,75%.
A taxa anual ficou abaixo do centro da meta definida pelo governo, que era de 4,5% com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo (3%) ou para cima (6%).
A previsão dos economistas e instituições financeiras, expressa pelo último Boletim Focus, era que a inflação teria sido um pouco mais baixa, de 3,69%.
A inflação de 2018 superou a do ano anterior, que foi de 2,95% - a menor em 20 anos e a primeira vez abaixo do piso desde que o regime de metas começou em 1999.
Os economistas esperam que com o aquecimento da atividade econômica, a inflação continue acelerando em 2019 e fique em 4,01%, segundo o Focus.
Mas mesmo essa alta ainda deixaria a inflação dentro da meta - que é de 4,25% para o ano que vem - e em patamar reduzido na comparação histórica. Em 2016 a taxa foi de 6,28% e em 2015 ela superou os dois dígitos.
A perspectiva de uma inflação bem controlada em meio a uma recuperação econômica morna e com câmbio em queda favorece a perspectiva de que ainda não é necessário subir os juros, que em 6,5% seguem no menor patamar da história.
Os últimos comunicados do Banco Central deixaram de mencionar um possível aumento da Selic na próxima reunião em 06 e 07 de fevereiro. Pela previsão do Focus, a taxa estará em 7% no final do ano.
Ilan Goldfajn, presidente do BC, em breve deixará o cargo. Ele deve ser substituído por Roberto Campos Neto, indicado do governo Bolsonaro, que ainda precisa ser sabatinado pelo Congresso.
Grupos
A mudança de direção no grupo Alimentação e Bebidas, que é de longe aquele com maior peso no consumo das famílias, foi a grande responsável pela inflação ter acelerado no ano passado.
Em 2017, o grupo havia registrado queda de 1,87% nos preços puxada pelo choque de oferta de uma safra recorde da agropecuária nacional.
Já em 2018, houve alta de 4,04% e peso de 0,99 ponto percentual no índice final, resultado de uma queda na safra (ainda assim a segunda melhor da história) e dos efeitos da greve dos caminhoneiros .
No entanto, houve altas anuais ainda maiores em grupos como Habitação, que subiu 4,72%. Um fator relevante foram as contas de energia elétrica, que subiram 8,70% no ano passado.
A alta foi menor do que os 10,35% de 2017, mas ainda assim suficiente para contribuir com 0,31 ponto percentual na taxa de inflação total de 2018.
Em Transportes, grupo que responde por quase um quinto do peso do IPCA, houve aceleração de um ano para o outro puxado por itens como passagens aéreas (16,92%), gasolina (7,24%) e ônibus urbano (6,32%).
De forma geral, os preços de serviços fizeram menos pressão, subindo 3,36% em 2018 contra 4,51% em 2017.
Na comparação regional, as maiores taxas de inflação em 2018 foram registradas em Porto Alegre (4,62%) e Rio de Janeiro (4,30%) e as menores em São Luis (2,65%) e Aracaju (2,64%).
Grupo | Variação em 2017 (%) | Variação em 2018 (%) |
Índice Geral | 2,95 | 3,75 |
Alimentação e Bebidas | -1,87 | 4,04 |
Habitação | 6,26 | 4,72 |
Artigos de Residência | -1,48 | 3,74 |
Vestuário | 2,88 | 0,61 |
Transportes | 4,10 | 4,19 |
Saúde e cuidados pessoais | 6,52 | 3,95 |
Despesas pessoais | 4,39 | 2,98 |
Educação | 7,11 | 5,32 |
Comunicação | 1,76 | -0,09 |