Economia

Inflação dos alimentos encarece ceia de Natal

O preço alto deve ser um dos principais fatores para segurar as vendas de fim de ano


	Panetone: os destaques de alta dos alimentos foram a farinha de trigo e os panificados, entre os quais os panetones
 (Wikimedia Commons)

Panetone: os destaques de alta dos alimentos foram a farinha de trigo e os panificados, entre os quais os panetones (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2013 às 08h19.

São Paulo - A inflação dos alimentos, que atormentou o consumidor em boa parte de 2013, continua incomodando neste Natal e deve ser um dos principais fatores para segurar as vendas de fim de ano. Também a desaceleração do crédito, a alta dos juros e a maior cautela do brasileiro para assumir novas dívidas podem atrapalhar os negócios.

Entidades ligadas ao comércio projetam crescimento moderado do volume de vendas neste Natal, entre 3% e 5%. Se essas estimativas se confirmarem, será o menor avanço de vendas em quase dez anos, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Três pesquisas feitas por instituições diferentes - Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fecomércio-SP e CNC - apontam para a mesma direção: os preços dos alimentos para a ceia de Natal superam de longe a inflação de 5,85% acumulada neste ano até dezembro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) - 15, que é uma prévia da inflação oficial, o IPCA.

De acordo com a FGV, os preços dos itens mais frequentes na ceia de Natal estão em média 8,1% mais altos este ano do que no Natal de 2012 e acima da inflação acumulada em 2013, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10), que foi de 5,48% neste ano até os dez primeiros dias de dezembro.

Em contrapartida, o valor dos presentes, que incluem bens duráveis, como eletroeletrônicos, e os semiduráveis, que englobam os artigos de vestuário, subiram menos: em média 3,78% de janeiro a dezembro, perdendo para a inflação do período.

Os destaques de alta dos alimentos foram a farinha de trigo e os panificados, entre os quais os panetones. Esses dois itens ficaram 30,56% e 15,31% mais caros, respectivamente. As frutas encareceram 15,41%; o frango, 10,28% e o lombo suíno, 10,07%.

"O recorte da inflação dos alimentos no Natal reproduz o que aconteceu com a inflação ao longo do ano e a pressão dos preços dos alimentos é a que mais afeta o orçamento das famílias", afirma o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, André Braz.


Ele destaca a valorização do dólar em relação ao real como um dos fatores que pressionaram a alimentação no domicílio. Em 12 meses até sexta-feira, o dólar subiu 15,5% em relação ao real. Como exemplo de impacto do câmbio nos custos e nos preços dos alimentos, o economista cita o caso das aves e dos suínos, alimentados com derivados de soja e milho, commodities cotadas em dólar.

No caso dos panificados, a influência do câmbio ocorre porque o País não é autossuficiente em trigo. Por isso, ao importar parte do grão, absorve a pressão do câmbio na farinha e derivados.

Além do câmbio, Braz destaca a pressão nos preços dos alimentos advinda de problemas climáticos que afetam oferta de produtos in natura, como fruta.

"O que está mais caro no Natal deste ano é a ceia", afirma o economista-chefe, da CNC, Fábio Bentes. Ele listou 90 produtos mais consumidos no Natal, cujos preços são monitorados pelo IPCA-15 e constatou que seis de dez produtos que registraram maiores altas neste mês em relação a dezembro de 2012 são alimentos.

Só neste mês, o grupo farinhas está com preços 19,8% maiores do que os registrados em dezembro de 2012, seguido por leite e derivados (17,5%) e frutas (16,6%).

"A inflação dos alimentos é o principal fator na queda do poder de consumo da população, especialmente entre as classes emergentes C e D", diz o assessor econômico da Fecomércio-SP, Fábio Pina. Ele pondera que o momento mais agudo de queda dos preços ficou para trás.

De toda forma, ele observa que a inflação, e principalmente a inflação dos alimentos, freia a economia e o consumo. Para este Natal, a entidade projeta alta de 3% e 4% sobre uma base fraca. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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