Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 8 de outubro de 2021 às 15h52.
Última atualização em 8 de outubro de 2021 às 16h28.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira que a
inflação em 10,25% em setembro veio um pouco melhor do que o esperado pelo mercado.
"O número de hoje na verdade veio um pouco melhor do que o esperado, mas pior do que nós pensávamos um mês atrás", afirmou Campos Neto, que reforçou que o número de setembro
deve ser o pico da inflação neste ano.
Os analistas de mercado projetavam um número um pouco maior do que o registrado pelo IBGE, um avanço de 10,33% nos últimos 12 meses.
No relatório de inflação divulgado na semana passada, o Banco Central projetava uma inflação em 10,2% em setembro, que seria o pico do índice do ano. A expectativa é que ao longo dos próximos meses, a inflação comece a cair e termine 2021 em 8,5%.
No mesmo evento, o presidente do BC explicou que a inflação sofreu impacto de duas "surpresas". A primeira, no ano passado, com a alta no preço dos alimentos e dos preços administrativos, como combustíveis. Já neste ano, ele ressaltou que esses preços, que incluem a energia elétrica, tomaram conta da inflação.
"Nós podemos ver claramente a surpresa vinda da energia na segunda onda de surpresas e também estamos vendo isso impactar nas previsões", disse.
O mercado, de acordo com o relatório Focus, também espera inflação em 8,5% neste ano. A meta de inflação é de 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Campos Neto disse que as expectativas de inflação do mercado devem subir mais com o anúncio do reajuste nos preços de gasolina e do gás de botijão feito nesta sexta-feira.
"O Brasil teve um grande pulo quando você olha para 2021 [nas expectativas] e vai provavelmente piorar com o anúncio da alta nos preços de gasolina hoje", disse o presidente do BC.
Como neste ano a inflação virá acima do teto da meta, o presidente do BC terá de escrever uma carta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, explicando as razões desse estouro do teto e quais serão as medidas para evitar que isso volte a acontecer no próximo ano.