Economia

Inflação de serviços segue alta e não trará sossego em 2013

Itens como empregado doméstico, serviços pessoais e saúde serão os mais afetados pela inflação do setor


	Notas de cinquenta reais: preços serão menos pressionados neste ano com o menor reajuste do salário mínimo, avalia o governo
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Notas de cinquenta reais: preços serão menos pressionados neste ano com o menor reajuste do salário mínimo, avalia o governo (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2013 às 18h19.

Brasília - A combinação de renda e emprego em alta com recuperação da economia, mesmo que ainda tímida, vai continuar alimentando a inflação de serviços em 2013, mais um fator que deixa a luz amarela acesa sobre o comportamento dos preços no país e suas consequências para a política monetária.

Na avaliação de analistas consultados pela Reuters, o setor de serviços deve registrar inflação de cerca de 8 por cento neste ano, bem próximo dos 8,75 por cento vistos em 2012. Isso mesmo com o reajuste menor do salário mínimo --de 9 por cento agora, ante 14 por cento no ano passado--, mas ainda considerado alto o suficiente para estimular ainda mais o consumo.

"O setor de serviços continuará pressionando a inflação, pode haver certo arrefecimento, mas não será nada digno de comemoração", afirmou o economista do Itaú-Unibanco Elson Teles, lembrando que a renda em elevação ajuda a puxar para cima, sobretudo, os preços de itens como empregado doméstico, serviços pessoais e saúde.

Em 2012, o IPCA fechou com alta de 5,84 por cento, bem acima do centro da meta do governo de 4,5 por cento --também válida para 2013 e 2014--, com grande destaque para o item empregado doméstico, que foi o maior impacto individual do indicador ao registrar inflação de 12,73 por cento.

Neste ano, o mercado vê o IPCA acima de 5,5 por cento de alta e, para Teles, só a inflação de serviços crescerá 8 por cento.


Dentro do governo, a avaliação é de que a menor correção do salário mínimo este ano trará um pouco mais de folga nas pressões sobre os preços, além de outros fatores que também contribuem neste sentido, como as desonerações em folha de pagamento, que reduzem os custos para as empresas.

Mas a análise no mercado é que, ainda que a correção do salário mínimo seja menor agora, continua sendo um percentual elevado o suficiente para pressionar os preços.

"A situação atual de emprego e renda impede desaceleração dos preços no setor serviços", avaliou o economista do Santander Asset Management, Ricardo Denadai, que também vê os preços dos serviços subindo 8 por cento neste ano.

A taxa de desemprego do país ficou em novembro último na mínima histórica de 4,9 por cento, enquanto a renda atingiu 1.809,60 reais, 5,3 por cento maior na comparação com igual mês de 2011 e também recorde.

Ao longo do ano passado, a geração de empregos ficou inferior à de 2011 mas, mesmo com uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 1 por cento, o país encerrará o ano com oferta líquida de empregos em torno de 1,4 milhão de vagas.


SELIC X INFLAÇÃO

Como a perspectiva para 2013 é de maior crescimento, na casa de 3 por cento segundo o mercado, esse aquecimento da atividade é, por si só, um fator de pressão nos preços do setor serviços.

"A inflação do setor serviço se manteve em patamar elevado em 2012... apesar de a economia não ter crescido quase nada. Num cenário em que a economia cresce, esse é o grande fator de risco", avaliou a economista da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro.

Nesses cenários que projetam inflação em alta e pressionada pelo setor serviços, o economista-chefe da Gradual Investimento, André Perfeito, destoa ao estimar para este ano IPCA de 4,8 por cento, com inflação do setor serviços de 5 por cento.

Para ele, ritmo de atividade não vai reagir com vigor e isso retirará dinamismo do mercado de trabalho, desacelerando os ganhos reais na renda e segurando parte da evolução de preços no setor serviços.

"O IPCA tem sido influenciado nos últimos anos pela alta dos salários dos trabalhadores e, em particular, das camadas mais baixas da população. Isso acaba batendo no setor serviços, que se torna a principal dor de cabeça em termos de política monetária", disse André Perfeito.

Para ele, o BC vai manter a Selic na atual mínima histórica de 7,25 por cento ao ano ao longo de 2013 todo, mas porque deve preferir usar medidas macroprudenciais a ter de elevar a taxa básica de juros e acabar atrapalhando a recuperação da economia.


"O BC vai manter a Selic durante todo o ano e, se precisar alterar a política monetária para controle da inflação, usará primeiro as medidas macroprudenciais", avaliou ele.

Além do setor serviços, o IPCA também será impactado neste ano por reajustes esperados para a gasolina e transporte urbano. Por outro lado, o governo espera uma certa compensação com a redução média de 20 por cento no preço da energia elétrica.

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