Economia

Inflação de 2019 não deve extrapolar meta de 4,25%, diz Ipea

Nos últimos 12 meses, inflação foi de 4,08%, valor que deve se manter de acordo com o IPEA

Aumento do preço dos alimentos preocupa economistas do IPEA porque impacta mais as classes com menor poder aquisitivo (Germano Lüders/Exame)

Aumento do preço dos alimentos preocupa economistas do IPEA porque impacta mais as classes com menor poder aquisitivo (Germano Lüders/Exame)

AB

Agência Brasil

Publicado em 23 de maio de 2019 às 21h46.

Última atualização em 23 de maio de 2019 às 21h49.

A inflação medida pelo IPCA em 2019 não deve extrapolar a meta estabelecida pelo governo, de 4,25%. A projeção é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que publicou nesta quinta-feira (23) nova edição da Carta de Conjuntura. Segundo o texto, nos últimos 12 meses, a inflação foi de 4,08%.

Apesar de manter-se na meta, o documento assinala preocupação com impacto do aumento de preço dos alimentos e com custo dos combustíveis. "O comportamento dos preços dos alimentos, que acumulam alta de 9,1% nos últimos 12 meses, encerrados em abril, foi o principal determinante da revisão de 3,85% (divulgado em março na Carta de Conjuntura) para 4,08% da projeção para o IPCA de 2019".

O aumento do preço dos alimentos preocupa os economistas impacta mais as classes com menor poder aquisitivo. "São alimentos de subsistência, muito importantes para o consumo da população", aponta a economista Maria Andréia Parente Lameiras, técnica de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.

"A população mais pobre é que está mais sofrendo com desemprego, menos escolarizada, que está há mais tempo procurando trabalho. Ainda são a faixa que tem a inflação maior e tem poder aquisitivo mais corroído. Assim, a situação fica pior ainda", disse a especialista.

Segundo ela, a alta inflação dos preços dos alimentos — em especial, o feijão, a batata e o tomate — foi causada por diminuição da oferta em razão do regime de chuva de março e abril.

Cenário internacional

No caso dos combustíveis, o problema está fora do Brasil. "Os preços de combustíveis acompanham o cenário internacional, que assiste movimento de alta no preço do barril de petróleo". Maria Andréia lembra que o ambiente de guerra comercial entre Estados Unidos e China impacta todo o comércio internacional, e que uma eventual guerra entre os EUA e o Irã pode piorar a situação. "Aí vai ser alta no preço do barril do petróleo na veia", prevê.

A economista lembra que internamente a alta do dólar também força aumento dos combustíveis. Ela alerta que a indefinição do encaminhamento da reforma da Previdência favorece a apreciação do câmbio e impacta o preço de produtos importados como a gasolina refinada.

A incerteza do encaminhamento das reformas pode afetar o crescimento econômico por dissuadir investimentos e não gerar empregos. Nesse cenário, os preços tendem a não aumentar. "O preço está ligado à oferta, mas também à demanda. Não estamos vendo a demanda com chance de recuperação. Há 13 milhões de pessoas desempregados. Se essas pessoas não consomem não tem como ajustar preço", explicou a economista.

De acordo com a Carta de Conjuntura, a piora recente da atividade econômica reduziu projeções para a inflação de bens livres (exceto alimentos) de 1,7% para 1,2%, e para o setor de serviços, (excluindo educação) de 3,7% para 3,5%.

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