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Inflação chinesa acelera com gastos do feriado de Ano Novo Chinês

Alta do consumo impulsiona inflação em janeiro, enquanto governo amplia medidas de estímulo

CHINA - mercado - comercio - pagamento - legumes - consumo - alimentos

FOTO: LEANDRO FONSECA
DATA: MAIO 2024 (Leandro Fonseca/Exame)

CHINA - mercado - comercio - pagamento - legumes - consumo - alimentos FOTO: LEANDRO FONSECA DATA: MAIO 2024 (Leandro Fonseca/Exame)

China2Brazil
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Agência

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 15h29.

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A economia da China está dando novos sinais de recuperação, com a inflação ao consumidor acelerando em janeiro devido à influência do feriado do Festival da Primavera. Os dados oficiais divulgados neste domingo (9) apontam para uma retomada gradual da demanda interna.

De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), principal indicador da inflação, subiu 0,5% em janeiro na comparação anual, após um crescimento de 0,1% em dezembro.

O núcleo do IPC, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia e é considerado um indicador mais preciso da relação entre oferta e demanda, registrou alta de 0,6% em janeiro, ante 0,4% em dezembro.

Governo amplia estímulos para impulsionar a economia

Analistas projetam que a economia chinesa terá um início robusto no primeiro trimestre, impulsionada por:

Expansão do programa de renovação do consumo em 2025
Aceleração na implementação de projetos estratégicos
Sinais de estabilização do mercado imobiliário
No entanto, especialistas alertam que o país ainda enfrenta desafios, como demanda enfraquecida e incertezas externas. Para contornar esses obstáculos, recomendam que as autoridades ampliem os ajustes anticíclicos na política fiscal e monetária, incluindo um pacote abrangente de estímulos para impulsionar o consumo e estabilizar o setor habitacional.

Impacto do Festival da Primavera na inflação

Feng Lin, diretora-executiva de pesquisa da Golden Credit Rating International, destacou que a alta da inflação ao consumidor foi impulsionada pela antecipação do Festival da Primavera, que este ano ocorreu em janeiro, enquanto no ano passado foi celebrado em fevereiro. Esse ajuste no calendário levou ao aumento dos preços de alimentos e serviços.

“Para 2025, espera-se que a inflação ao consumidor permaneça em um nível baixo, o que abre espaço para um ajuste mais forte da política anticíclica”, afirmou Feng. No entanto, ela ressaltou que a demanda doméstica continua fraca devido a fatores como:

Correção no setor imobiliário, que afeta a confiança dos consumidores
Desaceleração no crescimento da renda disponível per capita, reduzindo o poder de compra das famílias

Índice de preços ao produtor segue em queda

Por outro lado, o Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a variação dos preços na porta das fábricas, caiu 2,3% em janeiro na comparação anual, mantendo-se no mesmo nível do mês anterior.

Feng observou que a recuperação da demanda ainda não foi suficiente para sustentar um aumento nos preços industriais. Segundo ela, o retorno do IPP ao território positivo dependerá da eficácia das medidas anticíclicas adotadas pelo governo em 2025, especialmente nas políticas de apoio ao setor imobiliário.

Expectativas para a economia chinesa em 2025

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma informou que o programa de renovação do consumo terá um limite anual significativamente maior do que em 2024, com o anúncio oficial previsto para as “Duas Sessões”, os encontros anuais dos principais órgãos legislativos e consultivos da China.

Segundo Louise Loo, economista-chefe do think tank britânico Oxford Economics, espera-se um aumento significativo nas cotas de emissão de títulos para estímulos econômicos nas reuniões de março. Aproximadamente um terço desses recursos deve ser direcionado para medidas de suporte ao consumo, incluindo a ampliação do programa de renovação de bens de consumo.

Na frente fiscal, o Banco Popular da China (PBoC) indicou que haverá mais cortes na taxa de compulsório e nas taxas de juros “no momento apropriado”. Loo e sua equipe preveem:

Corte acumulado de 40 pontos-base na taxa de juros, o maior desde 2015
Redução de 150 pontos-base no compulsório bancário ao longo de 2025
Apesar dos desafios, Luo Zhiheng, economista-chefe da Yuekai Securities, afirmou que a China possui condições favoráveis para garantir um crescimento estável no primeiro trimestre. Ele destaca o impacto positivo de medidas governamentais de estímulo ao consumo e da estabilização do setor imobiliário.

Já Li Chao, economista-chefe da Zheshang Securities, projeta que a economia chinesa começará o ano com força. Segundo ele, a meta de crescimento anual para 2025 pode ser mantida em torno de 5%, igual ao ano anterior. “O PIB do primeiro trimestre deve crescer 5,1%, com a economia ao longo do ano apresentando uma recuperação em formato de ‘U’”, afirmou.

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