A perspectiva otimista de crescimento para a Zona Franca de Manaus representa um avanço de 6% em relação aos R$ 204 bilhões registrados em 2024 (SUFRAMA/Reprodução)
Repórter
Publicado em 15 de março de 2025 às 08h02.
A Zona Franca de Manaus inicia 2025 com perspectivas otimistas de crescimento, de acordo com projeções do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) divulgadas em primeira mão à EXAME. A expectativa da entidade empresarial é de que o faturamento do polo industrial alcance R$ 216 bilhões neste ano, um avanço de 6% em relação à receita de 2024.
A expansão deve ser puxada principalmente pelo setor de duas rodas. Em motocicletas, por exemplo, houve um aumento de 11,1% na produção ao longo do ano passado, com aproximadamente 1,7 milhão de motos produzidas.
Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas (Abraciclo) a trajetória deve se manter ascendente com uma fabricação estimada em 1,8 milhão de unidades neste ano.
Também é esperada influência positiva das indústrias de eletroeletrônicos, ar-condicionado e plásticos.
Todos eles, afirma Lúcio Flávio Morais de Oliveira, presidente-executivo do Cieam, "devem apresentar crescimento perto de 15%".
Os dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) mostram que os televisores, celulares e placas e componentes eletrônicos somam 11,5%, 7,2% e 6,9% dos principais produtos fabricados na Zona Franca de Manaus, assim como os aparelhos eletrônicos, que são 6,1%.
Ao todo, o polo industrial conta com aproximadamente 500 empresas concentradas na área delimitada pela legislação (Manaus e seus arredores) e é responsável por uma média de 112,5 mil empregos diretos.
Na região, também há uma aposta em novos projetos industriais e na diversificação das atividades das empresas instaladas ao longo de seus 58 anos de criação. No dia 20 de fevereiro, o Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam) aprovou 42 projetos industriais que somam R$ 1,56 bilhão em investimentos para o polo industrial.
Entre eles, 14 projetos são destinados à implantação de novas indústrias, enquanto os outros 28 visam novas atividades de empresas instaladas no polo manauara. Segundo o Codam, os projetos devem gerar 2,2 mil postos de emprego.
Além do fortalecimento dos setores tradicionais, empresas especializadas também estudam a instalação de fábricas de drones na região, o que pode representar um marco para a expansão tecnológica local, segundo a Cieam.
A Procter & Gamble (P&G) do Brasil lidera a lista de projetos de maior impacto em investimentos, com um aporte de R$ 290,8 milhões para a produção de escovas dentais, cartuchos de lâminas e aparelhos de barbear.
Já a Salcomp Indústria Eletrônica da Amazônia investirá R$ 132,5 milhões na fabricação de terminais de captura de dados e aeronaves remotamente pilotadas.
"O Polo Industrial de Manaus não compete apenas com o Sudeste do Brasil, mas com o mundo inteiro. Empresas globais analisam constantemente as vantagens competitivas da região, e estamos vendo um crescimento expressivo, tanto em diversificação produtiva quanto na atração de novos investimentos", diz o presidente da entidade empresarial.
Apesar do cenário promissor, Oliveira reconhece que a Zona Franca de Manaus ainda enfrenta desafios como a crise hídrica, dificuldades logísticas e a volatilidade cambial, que podem impactar a indústria.
No ano passado, a seca na região pressionou os custos das operações e a Federação das Indústrias do estado do Amazonas (Fieam) estimaram um gasto adicional de R$ 500 milhões apenas com transporte. Um relatório do Banco Mundial, publicado em 2023, também estimou que a redução dos custos de transporte aumentaria o PIB do Amazonas em 38%.
O presidente do Cieam avalia, contudo, que "as indústrias instaladas em Manaus já demonstraram resiliência diante de adversidades. Mesmo enfrentando desafios como a crise hídrica, conseguimos manter a produção e garantir entregas estratégicas. Estamos preparados para mitigar os impactos e fortalecer ainda mais a nossa competitividade", diz Oliveira.
Um fator positivo para a competitividade do polo, segundo a entidade, foi a aprovação da reforma tributária, que manteve os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus.
Uma das medidas mais significativas foi a inclusão de incentivos fiscais para o refino de petróleo no zona franca, com a finalidade exclusiva de abastecer a cidade, a sexta maior em contribuição fiscal para a União, segundo o IBGE.
Na ocasião da aprovação no Congresso, em dezembro, o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) emitiu comunicado dizendo que os benefícios "representam risco significativo para a arrecadação tributária, a competitividade do setor de refino nacional e a segurança energética do país" estimados em até R$ 3,5 bilhões.