Energia elétrica. (zhengzaishuru/Thinkstock)
Vanessa Barbosa
Publicado em 10 de abril de 2018 às 12h05.
Última atualização em 10 de abril de 2018 às 12h18.
São Paulo – Em um mundo assombrado pelas mudanças climáticas e de pressões crescentes sobre recursos naturais, investir em eficiência energética deveria ser tão atraente quanto buscar fontes de geração mais renováveis. É uma conta boa para o Planeta e para o bolso dos consumidores finais.
Estudo apresentado hoje (10) pela Comerc Esco, braço da gestora de energia Comerc, focado na redução do consumo de energia elétrica em empresas, indica que a indústria brasileira poderia economizar R$ 4 bilhões por ano com adoção de soluções de eficiência energética a partir de 2020, ou 16,330 milhões de MWh.
Potencial de economia equivale a mais de três vezes a geração da usina a carvão de Pecém 1, no Pará, a maior do país, ou a quase 18% da geração de uma Itaipu.
Essa economia corresponde a 6 milhões de toneladas de CO2 equivalente que deixariam de ser emitidas, o que equivale ao plantio de 42,63 milhões de árvores. No caso do comércio, o potencial de economia energética é de R$ 2,4 bilhões, o equivalente a 17,6% da geração de uma usina como Belo Monte.
Um país que usa menos energia para atingir um mesmo resultado, ou até mesmo superá-lo, gera economia de custos, reduz a pressão sobre o setor elétrico e também polui menos, tornando sua economia mais competitiva.
“Eficiência energética hoje é a fonte mais barata de geração de energia. Não adianta falar em fontes renováveis, se ainda não consumimos de forma consciente”, afirma Marcel Haratz, da Comerc Esco.
Segundo o executivo, o Brasil está na contramão de países como China, Índia, Japão e o bloco europeu, que têm reduzido a energia primária, ou seja, estão gastando menos energia para produzir a mesma coisa.
Dados da Agência Internacional de Energia (AIE) apontam que de 2000 a 2016, a eficiência energética ajudou a reduzir o consumo global em 12%, equivalente à demanda da União Europeia. Nem todos os países caminham nessa direção. Estimativas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) indicam que a América Latina perde anualmente 17% da energia que gera.
“Eficiência energética é rentabilidade e competitividade, não é aumento de custo. Mas ainda há uma resistência no Brasil, o que torna o processo decisório mais lento”, diz Haratz, destacando que indústrias multinacionais acabam se movimentando mais rápido por possuírem metas globais para melhoria.
Produzir mais com menos é um movimento que vai ao encontro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), que convoca os países a dobrarem, até 2030, a taxa global de melhoria da eficiência energética.
Para alcançar isso, além da mobilização empresarial, é preciso vontade política. “Soluções de tecnologia já temos demais, o que falta é política de estímulo para adotá-las”, defende Alexandre Moana, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Eficiência Energética (ABESCO).
Nos últimos anos, houve um crescimento de políticas pró-eficiência energética no mundo. Atualmente, 32% do consumo mundial de energia está atrelado a algum tipo de política mandatória voltada à eficiência energética, segundo dados da Agência Internacional de Energia citados por Moana. “Em muitos países, há normas e metas para redução do consumo de energia e as empresas devem seguir isso. É o que falta para o Brasil avançar nessa agenda”.