Economia

Indústria nega exportar carnes com ractopamina para Rússia

Apesar de a Rússia ser um dos maiores importadores de carnes do Brasil, a Abiec previu efeito limitado sobre o setor neste momento

Carne: a Rússia é um importante mercado para as carnes brasileiras, mas não tolera a ractopamina (artisteer/Thinkstock)

Carne: a Rússia é um importante mercado para as carnes brasileiras, mas não tolera a ractopamina (artisteer/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 17h04.

São Paulo - A indústria de carnes do Brasil negou nesta terça-feira que exporte produtos com o aditivo ractopamina à Rússia, apostando em uma "breve" retomada dos embarques para o país euroasiático, o que traria impactos limitados para a cadeia produtiva.

À Reuters, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, disse que o setor "executa todas as análises preliminares para exportação de carne bovina" sem o aditivo à Rússia.

"A última notificação envolvendo ractopamina havia sido em 2013, o que prova que, desde então, estávamos dentro dos padrões russos. Mantenho a posição de que o Brasil não usa ractopamina em bovinos. Há um controle rigoroso no abate e na matéria-prima", destacou ele, que fala pelos exportadores de carne bovina.

Apesar de a Rússia ser um dos maiores importadores de carnes do Brasil, Camardelli previu efeito limitado sobre o setor neste momento, dado que durante o inverno (no Hemisfério Norte) a Rússia sazonalmente importa menos por causa de portos congelados, e disse esperar uma "rápida recomposição" das vendas.

Na mesma linha, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a avicultura e a suinocultura do Brasil, disse mais cedo nesta terça-feira ter recebido com preocupação a decisão russa, mas que aposta no trabalho do governo brasileiro para "o pleno e rápido esclarecimento, retomando em breve os embarques".

"As agroindústrias associadas à ABPA respeitam a legislação sanitária da Rússia... O setor está seguro sobre as características de seu produto e garante que a produção de carne suína embarcada não utiliza ractopamina", afirmou a ABPA em nota.

O analista de mercado Aedson Pereira, da Informa Economics FNP, também indicou que o anúncio russo deve ter efeito limitado sobre os embarques brasileiros em razão da questão climática.

"O que coincide com esse bloqueio temporário é que o Brasil exporta pouco para lá (nesta época), porque o frio congela a estrutura portuária... É provável que isso não seja prorrogado, acredito que o Ministério da Agricultura e autoridades do governo devam agir com celeridade para diagnosticar o cenário e fazer um acordo para que isso não se prorrogue."

Mercado

A Rússia é um importante mercado para as carnes brasileiras, mas não tolera a ractopamina.

No Brasil, o estimulante de crescimento, usado como ingrediente à ração animal, não é autorizado na produção de carne bovina, mas na de suína tem sinal verde, cabendo aos exportadores o controle das vendas à Rússia.

O país respondeu por cerca de 40 por cento das vendas brasileiras de carne suína no acumulado do ano até setembro, segundo dados da ABPA, enquanto os russos representaram cerca de 11 por cento das exportações de carne bovina do país até outubro, de acordo com a Abiec.

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e um dos principais no segmento de carne suína.

Em nota, o Ministério da Agricultura do Brasil disse que "até o presente momento não recebeu por parte do governo russo nenhuma notificação de suspensão das carnes bovina e suína brasileira, mas apenas a notificação sobre a presença de ractopamina".

A pasta ponderou, no entanto, que "o Brasil utiliza o sistema de segregação de suínos para a exportação de carne para Rússia, o que impossibilitaria a detecção de ractopamina".

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