Economia

Indústria já esperava desvalorização do real, diz Mercadante

O ministro disse que a indústria brasileira ganhou competitividade com a desvalorização do real


	Aloizio Mercadante: segundo ele, o Brasil possui uma taxa de câmbio atual "mais competitiva para a indústria"
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Aloizio Mercadante: segundo ele, o Brasil possui uma taxa de câmbio atual "mais competitiva para a indústria" (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2015 às 14h34.

Brasília - O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira, 9, que a indústria brasileira ganhou competitividade com a desvalorização do real.

Durante a coletiva, a cotação da moeda norte-americana estava em alta, com o dólar comercial superando a barreira de R$ 3,10.

"Havia um câmbio muito apreciado, a indústria brasileira estava perdendo competitividade, hoje o câmbio está a R$ 3", comentou o ministro.

Questionado se a cotação da moeda norte-americana não estava alta demais, Mercadante respondeu: "Depende, se você é importador ou exportador. Se você é exportador, nunca será pouco. Se você é importador, talvez ache isso."

Na avaliação de Mercadante, a indústria brasileira esperava a desvalorização do real. "A nossa moeda esteve muito apreciada, os desequilíbrios nas contas externas têm uma relação direta com o câmbio. Ganhamos muita competitividade, agora essa competitividade tem de ser acompanhada de outros passos: ajuste fiscal, parceria público-privada em investimento de infraestrutura, atrair mais investimentos nessas áreas, os programas na área de educação", ressaltou o ministro.

Câmbio

Segundo Mercadante, o Brasil possui uma taxa de câmbio atual "mais competitiva para a indústria", que alavanca as exportações industriais e agrícolas e diminui a pressão das importações.

"Mas nós precisamos atrair o investimento do setor produtivo, sobretudo em infraestrutura. Por isso que o grau de investimento é tão importante. E não é para depender da confiança do mercado apenas. Não é só para ter a confiança do mercado, é para não precisar da confiança do mercado. Se a gente faz a lição de casa e mantém as contas públicas organizadas, nós teremos essa confiança necessária para atrair investimentos", disse o ministro.

Grau de investimento

Uma semana depois de se reunir com uma missão da agência Standard & Poor's, Mercadante disse que o grau de investimento é um "indicador importante, mas não é o único".

"Em relação às agências de risco, eles estão fazendo o trabalho deles. No passado, em alguns países, em algumas circunstâncias, eles já cometeram erros, o mercado não acompanhou. Eu me lembro uma vez que rebaixou a dívida americana, por exemplo. É um indicador importante, mas não é o único", comentou Mercadante, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

"Agora, eu achei a conversa muito boa (com Standard & Poor's), muito transparente. A própria Moody's quando reviu a nota da Petrobras disse que em relação ao Brasil aquilo não teria necessariamente implicação, que a questão central do Brasil é a estabilidade da dívida pública, é o ajuste fiscal."

Desoneração

Depois de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, irritar a presidente Dilma Rousseff ao declarar que a desoneração da folha de pagamento foi um "negócio que era muito grosseiro" e uma "brincadeira" que custou R$ 25 bilhões, foi a vez de Mercadante criticar a medida e dizer que ela não era sustentável.

A desoneração da folha de pagamento foi um dos principais pilares da política econômica do primeiro mandato da petista.

"O governo está sendo bastante rigoroso em relação àquilo que é a sua competência. Se nós aprovarmos essas medidas (de ajuste fiscal), poderemos também gastar melhor as despesas obrigatórias para ajudar no ajuste fiscal. E tem algumas medidas de ajuste de alíquotas e receita, porque desoneramos demais, e não é sustentável o que foi feito. Não que não fosse necessário, eu diria que não é sustentável. Tem de corrigir parcialmente as desonerações que foram feitas", disse.

Durante a coletiva, o ministro destacou que serão "muito bem-vindas" as sugestões dos parlamentares na discussão das medidas provisórias que alteram as regras para pagamento de benefícios trabalhistas.

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