Economia

Indústria despenca 18,8% em abril e tem maior queda mensal em 18 anos

Em relação a abril do ano passado, a queda na indústria foi maior da série histórica: -27,2%

Produção industrial brasileira cresceu 13,1% de maio para junho deste ano (Reprodução/Agência Brasil) /  (agência brasil/Agência Brasil)

Produção industrial brasileira cresceu 13,1% de maio para junho deste ano (Reprodução/Agência Brasil) / (agência brasil/Agência Brasil)

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Agência O Globo

Publicado em 3 de junho de 2020 às 09h22.

Última atualização em 3 de junho de 2020 às 10h15.

Os efeitos da pandemia de novo coronavírus na economia brasileira em abril fizeram com que a indústria registrassem em abril a maior retração em, ao menos, 18 anos. Dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE, mostram que a queda do setor foi de 18,8%, na comparação com março, quando o indicador já havia registrado queda de 9%. É a maior contração da série histórica da pesquisa, iniciada em 2002. Em relação a abril do ano passado, a queda na indústria foi maior da série histórica: -27,2%.

Entre março e abril, a indústria já registra queda acumulada de 26,1%. O resultado reforça ainda mais a paralisia do setor industrial brasileiro, que ainda não havia recuperado as perdas dos últimos anos. Desde 2010, os industriais vem perdendo participação no Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Também começa a consolidar as projeções para a retração de mais de 10% do PIB no segundo trimestre. Nos últimos três meses, segundo dados divulgados na última semana, o setor já havia apresentado queda de 1,4%, na comparação com os três últimos meses de 2020.

No primeiro trimestre, PIB registrou recuo de 1,5% na comparação com os últimos três meses de 2019. Na comparação com janeiro a março do ano passado, a queda foi de 0,3%.

Os números divulgados nesta quarta dão a dimensão da contração. Até então, a maior queda mensal havia sido registrada em dezembro de 2008, em meio a crise internacional daquele ano, quando o recuo foi de 11,3%.

Outros eventos recentes, como o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), em em janeiro de 2019, que atingiu a indústria extrativa, ou os efeitos da Greve dos Caminhoneiros, em maio de 2018, não tiveram a mesma magnitude que o coronavírus.

O resultado, entretanto, ainda é visto com cautela pelos economistas. Eles avaliam que o número pode ainda não representar a tombo mais severo da indústria neste ano.

Segundo a mediana obtida pelo Boletim Focus, do Banco Central, que reúne as projeções do mercado financeiro para os indicadores, a produção industrial irá retrair -3,59% em 2020.

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