Economia

Indústria da soja vê prejuízo de US$400 mil/dia na BR-163

Segundo a Abiove, os 178 quilômetros da rodovia sem pavimentação, entre Sinop (MT) e Itaituba (PA), estão com sérios problemas para o tráfego

Soja: as chuvas reduziram a capacidade de tráfego da rodovia de 800 para 100 caminhões/dia (Scott Olson/Getty Images/Getty Images)

Soja: as chuvas reduziram a capacidade de tráfego da rodovia de 800 para 100 caminhões/dia (Scott Olson/Getty Images/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 15h50.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 16h43.

São Paulo - Chuvas fortes e atoleiros registrados no trecho não asfaltado da BR-163 estão impedindo que a soja chegue aos portos do Norte do país, o que resulta em prejuízos de 400 mil dólares ao dia, com a impossibilidade de embarcar o produto, informou nesta sexta-feira a associação que representa as indústrias da oleaginosa no Brasil (Abiove).

Segundo a Abiove, os 178 quilômetros da rodovia sem pavimentação, entre Sinop (MT) e Itaituba (PA), estão com sérios problemas para o tráfego neste mês, resultando em longas filas de caminhões que transportam a soja de Mato Grosso, numa nova rota de exportação do país que ganhou força com a implantação de novos portos no Norte recentemente.

No início da semana, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já havia dito que a exportação pelo chamado Arco Norte ficará abaixo da expectativa, com as empresas remanejando as cargas para os portos do Sul e Sudeste.

As chuvas reduziram a capacidade de tráfego da rodovia de 800 para 100 caminhões/dia, e, desde o dia 14 de fevereiro, já não chegam caminhões nos terminais fluviais de Miritituba (PA), onde a soja é repassada para barcaças, que seguem pelo Rio Tapajós para alcançar portos fluviais no Rio Amazonas que despacham finalmente o produto para exportação em graneleiros.

Para cada dia em que os portos ficam impedidos de embarcar mercadorias, pela falta do produto represado na BR-163, o prejuízo para as empresas é de 400 mil dólares diários, considerando os chamados custos de elevação e "demurrage" (sobre-estadia) do navio, segundo cálculos da Abiove e da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

"Além desse ônus, há prejuízos incalculáveis com descumprimento de contratos, riscos financeiros com produtores e armazéns e, sem dúvida, riscos para a imagem do Brasil", disse a Abiove em nota.

As chuvas que tornam problemático o tráfego na rodovia estão limitando o ritmo da colheita em fevereiro em Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil. Mas, como os trabalhos começaram adiantados este ano, mesmo com as precipitações da área colhida é maior que no mesmo período do ano passado, atingindo 66 por cento do total plantado, o que aumenta a pressão sobre a logística.

A Abiove e a Anec estimam que nesta safra serão embarcados pelos terminais de Miritituba e Santarém (PA) cerca de 7 milhões de toneladas de soja e milho.

De acordo com empresas associadas, há caminhoneiros que agora levam 14 dias para transportar a mercadoria em um percurso de mil quilômetros.

Nesse período, teria sido possível fazer uma viagem de ida e volta para Santos (SP) ou Paranaguá (PR), os principais portos do Brasil.

Segundo a Abiove, o asfaltamento da BR-163 é de responsabilidade do governo federal, sobretudo do Ministério dos Transportes e do DNIT.

Os trabalhos do controle de tráfego e ordenamento, inclusive com sistema de siga e pare, cabe ao Ministério da Justiça e da Polícia Rodoviária Federal. Cabe também ao Departamento de Engenharia do Exército dar o suporte necessário para obras emergenciais.

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