Economia

Indústria da China decepciona, mais estímulo pode vir

País tenta manter o crescimento em linha diante da meta de expansão anual de 7,5%

China: as vendas no varejo e o investimento em ativos fixos também ficaram aquém das previsões do mercado de acordo com dados oficiais  (Feng Li/Getty Images)

China: as vendas no varejo e o investimento em ativos fixos também ficaram aquém das previsões do mercado de acordo com dados oficiais (Feng Li/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2012 às 09h15.

Pequim - O crescimento da produção industrial da China desacelerou inesperadamente em julho para o nível mais fraco em mais de três anos, destacando as pressões globais que podem levar as autoridades a adotar mais ações para manter o crescimento em linha diante da meta de expansão anual de 7,5 por cento.

As vendas no varejo e o investimento em ativos fixos também ficaram aquém das previsões do mercado de acordo com dados oficiais divulgados nesta quinta-feira, elevando as expectativas de que Pequim agirá para dar suporte a uma economia que vê o crescimento desacelerar há seis trimestres seguidos.

A inflação ao consumidor anual, por sua vez, recuou para uma mínima de 30 meses no mês passado, sugerindo que o banco central tem um amplo escopo para afrouxar ainda mais a política depois de cortar a taxa de juros em junho e julho.

"Achamos que a fraqueza será mais teimosa do que as pessoas esperavam", disse Li Wei, economista do Standard Chartered Bank. "Minha opinião é de que a retórica política está perdendo sua efetividade em ampliar a confiança e é preciso ações reais para impulsionar o crescimento." Além de reduzir a taxa de juros, Pequim também baixou a quantia de dinheiro que os bancos devem manter como reservas (taxa de compulsório) para liberar estimados 1,2 trilhões de iuans a empréstimos, em uma série de medidas desde novembro de 2011.

O presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao prometeram acelerar o ajuste da política no segundo semestre do ano para dar suporte à economia.

A expectativa é de que o banco central continue com o afrouxamento gradual da política nos próximos meses, apesar de seu recente alerta de que a inflação pode acelerar após agosto.

Abaixo das previsões

O crescimento da produção industrial chinesa desacelerou para 9,2 por cento na comparação anual em julho, o mais fraco desde maio de 2009, abaixo da taxa de 9,5 por cento em junho e menor que a previsão de 9,8 por cento vista na pesquisa da Reuters.

O crescimento anual de investimento em ativos fixos, como em imóveis, estradas e pontes, ficou em 20,4 por cento no período entre janeiro e julho, inalterado em relação ao período de janeiro a junho e pouco abaixo da previsão de 20,5 por cento.

O crescimento das vendas no varejo, o maior condutor da expansão da economia no primeiro trimestre, recuou para 13,1 por cento, abaixo da estimativa de 13,7 por cento.


O crescimento econômico tem desacelerado desde o começo de 2011, atingindo 7,6 por cento no segundo trimestre, o ritmo mais fraco de crescimento desde a crise financeira global.

Analistas consultados pela Reuters antes da divulgação dos dados esperavam uma retomada do crescimento no terceiro trimestre para 7,9 por cento e um crescimento total no ano de 8 por cento, acima da meta oficial.

O Barclays Capital cortou a projeção de crescimento da China para 7,9 por cento ante 8,1 por cento antes dos dados desta quinta-feira.

A inflação anual para o consumidor diminuiu para 1,8 por cento em julho ante 2,2 por cento em junho, recuando ainda mais da máxima de três anos registrada em julho do ano passado de 6,5 por cento. Economistas consultados pela Reuters esperavam que a inflação desacelerasse para 1,7 por cento em julho.

"Esse número dá mais espaço para afrouxamento de política", afirmou o economista-chefe do Nomura para a China, Zhang Zhiwei.

"Está muito claro agora que o índice de preços ao consumidor provavelmente ficará abaixo da meta de 4 por cento no ano, portanto o foco de política para o governo pode ficar claramente em crescimento." Os preços ao consumidor subiram 0,1 por cento em julho ante o mês anterior, comparado com expectativas de queda de 0,1 por cento.

Os dados de julho mostraram que o índice de preços ao produtor caiu 2,9 por cento em julho ante o mesmo período do ano passado, um declínio maior que a previsão de 2,5 por cento e a queda mais profunda desde outubro de 2009. Esse resultado marcou o quinto mês consecutivo de recuo nos preços ao produtor.

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