Economia

Indústria cortou 821 mil vagas no trimestre até novembro

O resultado equivale a uma queda de 6,1% no total de pessoas ocupadas no setor


	Trabalhador da indústria: o resultado equivale a uma queda de 6,1% no total de pessoas ocupadas no setor
 (zdravkovic/Thinkstock)

Trabalhador da indústria: o resultado equivale a uma queda de 6,1% no total de pessoas ocupadas no setor (zdravkovic/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2016 às 11h16.

Rio - A indústria cortou 821 mil vagas no trimestre encerrado em novembro de 2015 em relação a igual período de 2014.

O resultado equivale a uma queda de 6,1% no total de pessoas ocupadas no setor, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 19.

"A indústria foi, sem dúvida, o grupamento que foi mais afetado no processo de perda de postos de trabalho, incluindo a indústria de transformação", afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Outro setor com expressiva dispensa de trabalhadores foi o de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com recuo de 6,3% no número de ocupados, o equivalente a um corte de 668 mil vagas.

Também cortaram postos de trabalho o segmento de outros serviços, -3,3% no trimestre encerrado em novembro de 2015 ante igual período de 2014, 140 mil vagas a menos, e a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com redução de 1,9%, equivalente a 179 mil pessoas a menos.

Na direção oposta, registraram aumento no número de vagas os segmentos de comércio (219 mil empregados a mais); transporte (193 mil a mais); alojamento e alimentação (209 mil); construção (12 mil); administração pública, defesa, educação e saúde (332 mil); e serviços domésticos (315 mil a mais).

Serviços domésticos

A deterioração do mercado de trabalho fez o emprego no setor de serviços domésticos voltar a crescer. O número de empregados domésticos aumentou 5,2% no trimestre encerrado em novembro de 2015 ante igual período de 2014.

Segundo Cimar Azeredo, 95% dos empregados domésticos são mulheres. Como não estariam mais conseguindo se inserir em outros setores - a exemplo do segmento de serviços pessoais, como ocorria à época em que o mercado de trabalho estava aquecido -, elas estão voltando a trabalhar como empregada doméstica.

Diante do aumento da oferta de mão de obra e da redução na renda geral da população, patrões e domésticos estão negociando salários e jornadas, o que levou também a um recuo de 2,4% no rendimento médio do setor no trimestre encerrado em novembro de 2015 ante o mesmo trimestre de 2014.

"Aquele domicílio que está com trabalhador doméstico está pagando menos. Reduz o número de vezes que a pessoa vai lá, reduz o valor da diária", Ele lembra que o principal indexador do trabalho doméstico é o salário mínimo. Mesmo assim, você vê uma queda (no rendimento). Elas estão negociando esse serviço doméstico. Aumentou a oferta de trabalhadores domésticos, e a população está com renda menor", explicou Azeredo

Emprego formal

A perda da carteira assinada tem sido o principal combustível para o aumento na fila do desemprego no País, segundo Cimar Azeredo. O número de vagas com carteira assinada no setor privado encolheu 3,1% no trimestre encerrado em novembro de 2015 ante o mesmo período de 2014, o equivalente a um corte de 1,114 milhão de trabalhadores formais.

"A perda de carteira causa essa instabilidade no domicílio. É essa mexida na estabilidade que está provocando o aumento no processo de desocupação. A carteira de trabalho significa plano de saúde, garantia de alimentação para muitos trabalhadores, recolhimento para a Previdência. São garantias", justificou Azeredo.

A fila da desocupação ganhou 2,676 milhões de pessoas no período de um ano. Ao mesmo tempo, foram cortados 533 mil postos de trabalho. Apesar da redução de meio milhão de vagas, a procura por emprego aumentou muito mais, apontou o coordenador do IBGE.

"Se tivesse tido aumento da população ocupada, poderia ter amenizado esse efeito. Mas não ocorreu, foi o contrário. Tem gente entrando no mercado que deveria estar indo para a população ocupada e não foi. Tem as pessoas que perderam emprego e que vão procurar emprego. E tem as pessoas que estavam fora do mercado e que buscam uma vaga", avaliou Azeredo.

A queda na carteira assinada levou a um aumento de 4,5% no período de um ano de pessoas que trabalham por conta própria, o equivalente a 969 mil pessoas a mais nessa condição.

Renda

A queda no emprego com carteira assinada e consequente aumento no número de pessoas trabalhando na informalidade contribuíram para o recuo na renda do trabalhador. No trimestre encerrado em novembro de 2015, o rendimento médio real do trabalho encolheu 1,3% em relação a igual período de 2014, de acordo com os dados da Pnad Contínua.

O País eliminou 1,114 milhão de vagas formais no período de um ano, enquanto o trabalho por conta própria absorveu mais 969 mil pessoas. A renda média do empregado com carteira assinada no setor privado no trimestre encerrado em novembro de 2015 foi de R$ 1.817, enquanto o trabalhador por conta própria ganhava, em média, R$ 1.425.

O emprego com carteira chegou a ter aumento de 0,3% no rendimento em relação ao mesmo período do ano anterior. A renda do trabalho por conta própria, entretanto, recuou 5,5%.

"O comércio está pagando menos, e é o grupamento mais aderente a essa forma de inserção (no mercado), de trabalhar por conta própria. Você perdeu o emprego, pega um isopor e vai vender refrigerante na rua. São pessoas que estão perdendo o emprego, são pessoas que estão dando seu jeito no comércio para viver. Isso afeta o rendimento do conta própria e também do comércio", justificou Cimar Azeredo.

A atividade do comércio registrou recuo de 4,1% na renda média do trabalhador no trimestre encerrado em novembro de 2015 em relação a igual período de 2014.

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