Economia

Índice Big Mac: real está 28,4% subvalorizado e tarifas de Trump já pressionam consumidores globais

Aumento das tarifas americanas impacta diretamente a economia global, enquanto o Brasil vê o real continuar subvalorizado, elevando os preços para o consumidor

Big Mac: valor do lanche pode indicar como moeda dos países estão se comportando (Lauren DeCicca / Correspondente autônomo/Getty Images)

Big Mac: valor do lanche pode indicar como moeda dos países estão se comportando (Lauren DeCicca / Correspondente autônomo/Getty Images)

Publicado em 17 de julho de 2025 às 06h22.

Última atualização em 17 de julho de 2025 às 08h34.

Um Big Mac no Brasil custa R$ 23,90, enquanto nos Estados Unidos o mesmo lanche do McDonald's custa US$ 6,01. A diferença nos preços — mais do que indicar o encarecimento dos lanches da rede de fast food — revela uma discrepância na taxa de câmbio implícita. Considerando o valor de um Big Mac nos EUA, a taxa de câmbio ideal sugerida seria de cerca de R$ 3,98 por dólar. Mas, na vida real, a taxa de câmbio é de R$ 5,55, o que implica que o real está subvalorizado em aproximadamente 28,4% em relação ao dólar.

Esse fenômeno é um exemplo claro das distorções mostradas no Big Mac Index, criado pela The Economist: as moedas de alguns países estão mais baratas ou mais caras do que indicam as taxas de câmbio reais.

O Big Mac Index ajuda a entender melhor como as distorções cambiais afetam o poder de compra das pessoas em diferentes países. De acordo com o índice, as moedas de países como Taiwan e Indonésia continuam sendo as mais subvalorizadas, com discrepâncias de 55,7% e 57%, respectivamente, em relação ao dólar. Em países como Suíça e Uruguai, a situação é inversa, com valorização do franco suíço em 49,6% e do peso uruguaio em 29,6%.

Os mais valorizados

PaísMoeda% Sobrevalorizada em relação ao dólar
SuíçaFranco49,6%
UruguaiPeso29,6%
NoruegaCoroa22,1%
SuéciaCoroa21,8%
DinamarcaCoroa16,6%
Zona do EuroEuro15,2%
Reino UnidoLibra13,5%

Desvalorizados

PaísMoeda% Subvalorização
Costa RicaColón-1,0%
IsraelShekel-1,1%
PolôniaZloty-3,4%
ColômbiaPeso-5,2%
TurquiaLira-6,9%
CanadáC$-9,0%
SingapuraS$-10,0%
LíbanoPound-10,8%
MéxicoPeso-12,2%
AustráliaA$-13,2%
EAUDirham-13,9%
Rep. TchecaKoruna-14,6%
ArgentinaPeso-14,6%
Nova ZelândiaNZ$-14,8%
Arábia SauditaRiyal-15,7%
BahreinDinar-20,6%
PeruSol-21,2%
QatarRiyal-22,3%
ChilePeso-22,6%
NicaráguaCórdoba-23,2%
KuwaitDinar-23,8%
HungriaForint-25,7%
BrasilReal-28,4%
HondurasLempira-29,0%
VenezuelaBolívar-30,0%
TailândiaBaht-30,7%
MoldáviaLeu-30,8%
GuatemalaQuetzal-32,7%
Coreia do SulWon-33,7%
OmãRial-34,0%
RomêniaLeu-35,5%
AzerbaijãoManat-36,8%
PaquistãoRupia-36,9%
ChinaYuan-40,9%
JordâniaDinar-41,3%
JapãoIene-46,3%
MalásiaRinggit-46,9%
Hong KongHK$-47,0%
UcrâniaHryvnia-47,5%
África do SulRand-49,8%
FilipinasPeso-50,4%
VietnãDong-51,6%
TaiwanNT$-55,7%
ÍndiaRupia-56,2%
IndonésiaRupiah-57,0%
EgitoPound-57,9%

A ameaça das tarifas

A partir de 1º de agosto, os Estados Unidos irão impor tarifas sobre importações de mais de 20 países, incluindo o Brasil, além da União Europeia, a menos que sejam feitas negociações. Embora Trump tenha histórico de recuar quando os mercados se tornam voláteis, a tendência é clara: as tarifas de importação terão um aumento considerável.

Em 2024, a tarifa média efetiva dos Estados Unidos passou de 2,5% para 17%. Trump acredita que essa política visa corrigir uma série de "erros" cometidos por outros países, que, em sua visão, exploram os Estados Unidos ao vender mais para o país do que compram. Ele também acusa várias dessas nações de manipularem suas moedas para tornar seus produtos artificialmente baratos no mercado americano.

Um dos principais objetivos de Trump com as tarifas é reduzir os desequilíbrios comerciais. De acordo com a teoria do Big Mac Index, da The Economist, um dos principais sinais disso são as distorções nas taxas de câmbio. Por exemplo, enquanto o dólar cai em relação a outras moedas nos últimos meses, o preço do Big Mac nos Estados Unidos aumentou de US$ 5,79 para US$ 6,01. Esse aumento nos preços reflete o impacto das tarifas sobre os consumidores americanos, que enfrentam uma combinação de impostos mais altos e uma moeda mais fraca.

Em países como Taiwan, Índia e Indonésia, as moedas permanecem substancialmente subvalorizadas, o que sugere que as tarifas americanas não conseguiram alterar drasticamente as condições de mercado. O índice revela que o dólar continua mais forte em relação a muitas dessas moedas, o que pode tornar as exportações americanas menos competitivas, contrariando as expectativas do governo Trump, segundo a The Economist.

O impacto das tarifas sobre o comércio é duplo. Enquanto as tarifas tentam reduzir a competição estrangeira, elas também aumentam os preços de produtos importados, atingindo os consumidores americanos. A alta no preço do Big Mac nos Estados Unidos, por exemplo, é um reflexo de como a política tarifária afeta o custo dos produtos do dia a dia. O aumento de 2,7% nos preços ao consumidor, registrado até junho de 2025, é um indicativo de que a economia americana já sente as consequências da combinação de tarifas mais altas e uma moeda mais fraca.

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