Economia

Índice Big Mac de julho mostra Real subvalorizado em 20%

Suposta taxa de equilíbrio seria de 3,07 reais por dólar e não 3,84 como atualmente. Quando se considera o custo da mão de obra, Brasil é líder mundial

Big Mac (McDonald's/Divulgação)

Big Mac (McDonald's/Divulgação)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 12 de julho de 2018 às 12h49.

Última atualização em 12 de julho de 2018 às 13h56.

São Paulo - O Índice Big Mac de julho, divulgado nesta quarta-feira (11) pela revista britânica The Economist, indica que o Real está subvalorizado em 20% em relação ao dólar.

O cálculo parte do conceito de paridade de poder de compra. Em teoria, as taxas de câmbio tenderiam a caminhar no longo prazo para que um determinado bem ou serviço tivesse o mesmo preço em dólar em qualquer país.

O Big Mac foi escolhido como referência por causa da grande presença do McDonald's ao redor do mundo, o que facilita a comparação.

Os dados atuais mostram que o preço do sanduíche no Brasil é de R$ 16,90. Isso é o equivalente a US$ 5,51, considerando a cotação atual de 3,84 reais por dólar.

O preço do sanduíche nos Estados Unidos, usado como referência geral, é de US$ 5,28. Isso implica que a suposta taxa de câmbio que equilibraria esta relação seria de 3,07 reais por dólar.

Ela é mais baixa do que a atual, sugerindo que o Real estaria subvalorizado em 20,7%, o décimo lugar entre os 48 países monitorados.

Há países com moedas muito mais subvalorizadas em relação a taxa esperada, o que mostra de forma geral o movimento de fortalecimento do dólar.

A subvalorização é notável tanto em países desenvolvidos como Reino Unido (-23,2%) e Japão (-36,.4%) quanto em emergentes como Argentina (-50,9%), Turquia (-58,5%) e Rússia (-62%).

Pelo cálculo da Economist, apenas dois países estão atualmente com sua moeda sobrevalorizada em relação ao dólar: a Suíça (+18,8%), Noruega (+18,2%) e Suécia (+5,8%).

Índice ajustado

O método de apenas comparar preços e moedas já foi criticado por ignorar que países mais pobres tem em geral menor custo de mão de obra – e que isso, por si só, ajudaria a deixar o Big Mac mais barato.

Em resposta, a Economist começou a calcular um índice Big Mac "gourmet". Esta segunda análise é se uma moeda está sobrevalorizada ou subvalorizada comparando com o que se esperaria pelo nível de desenvolvimento do seu país, expresso pelo PIB per capita.

Neste critério, o Brasil dispara e é líder absoluto entre todos os países, com preço 34,7% acima do esperado, seguido de perto pela Colômbia com 33,7% mas bem à frente de todos os outros.

Histórico

O Índice Big Mac é calculado pela Economist desde 1986, já foi incluído em livros didáticos e serviu de tema para mais de 20 trabalhos acadêmicos.

Mas a própria revista avisa que o Índice Big Mac não tem pretensão científica e é “meramente uma ferramenta para tornar a teoria de taxas de câmbio mais palatável”.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarRealThe Economist

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