Economia

Índia se torna a nova aposta de crescimento para gigantes de bens de consumo. E a China?

Com a economia indiana em expansão e a recuperação desigual da China, gigantes de bens de consumo, como PepsiCo e Unilever, voltam seus investimentos para o mercado indiano

Mercado indiano virou atrativo para as maiores empresas do planeta. (Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

Mercado indiano virou atrativo para as maiores empresas do planeta. (Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 9 de agosto de 2024 às 10h56.

Última atualização em 19 de agosto de 2024 às 11h26.

A Índia emergiu como o novo foco de crescimento para grandes empresas de bens de consumo embalados, como PepsiCo, Unilever e outras gigantes, que buscam preencher o vazio deixado pela recuperação lenta e desigual na China. Com a economia indiana crescendo no ritmo mais rápido entre os principais mercados emergentes, essas empresas estão lançando novos sabores e variações de tamanho, mirando na vasta população do país e no mercado rural ainda pouco explorado, segundo informações da Reuters.

Nos últimos dez anos, muitas empresas concentraram seus esforços em vender para a China, mas o cenário está mudando. Agora, o foco se volta para a Índia, onde as condições demográficas e econômicas são mais favoráveis. O crescimento da economia indiana, impulsionado por maior gasto governamental, uma boa temporada de monções e um ressurgimento do consumo privado, está ajudando a recuperar os gastos dos consumidores nos próximos trimestres.

De acordo com a pesquisa da GlobalData, a expectativa é que a participação combinada de mercado das cinco principais multinacionais — Coca-Cola, P&G, PepsiCo, Unilever e Reckitt — cresça para 20,53% em 2023, acima dos 19,27% em 2022, principalmente nas categorias de cuidados com bebês, saúde do consumidor, cosméticos, bebidas e produtos para o lar. Em contraste, a participação de mercado dessas empresas na China deve cair para 4,30% em 2023, ante 4,37% em 2022.

A recuperação lenta da economia chinesa, especialmente após um longo período de lockdowns rigorosos devido à COVID-19, contrasta com o crescimento relativamente robusto de cerca de 4% no mercado de bens de consumo na Índia. Tanto os segmentos urbanos quanto rurais na Índia têm mostrado crescimento, com o setor rural apresentando um desempenho um pouco melhor.

Aumento de presença internacional

A Mondelez International também está ampliando sua presença na Índia, em parceria com a marca de biscoitos Lotus Biscoff e planejando lançar novos tamanhos de embalagem para o Oreo ainda este mês. A empresa reportou um crescimento de um dígito médio na categoria de chocolates na Índia no segundo trimestre. A Coca-Cola também registrou um crescimento de volume de dois dígitos no país, enquanto a Unilever mostrou melhora sequencial. A PepsiCo destacou a Índia como "o grande espaço de crescimento" na região que inclui África, Oriente Médio e Sul da Ásia.

Por outro lado, a demanda na China continua fraca. A Nestlé, fabricante do KitKat, relatou uma queda nas vendas totais na Grande China no último trimestre e observou que o sentimento econômico e do consumidor na região estava "claramente mais fraco do que o esperado".

Enquanto a China, anteriormente vista como o principal mercado de crescimento, enfrenta desafios, a Índia está rapidamente se posicionando como a nova fronteira para as grandes empresas de bens de consumo. A mudança de foco reflete a necessidade dessas empresas de se adaptarem às dinâmicas globais em evolução, aproveitando as oportunidades oferecidas por mercados emergentes em rápido desenvolvimento como a Índia.

Acompanhe tudo sobre:P&G (Procter & Gamble)PepsicoCoca-ColaÍndiaChinaUnileverNestléBrasil-China

Mais de Economia

STF forma maioria para validar contrato intermitente criado com a reforma trabalhista

Grupo GAC registra aumento nas vendas e crescimento nas exportações, apesar de queda na produção

Salário mínimo terá reajuste em 2025? Veja cálculo com regra atual e a nova proposta do governo

Comissão do Congresso aprova relatório preliminar do Orçamento de 2025