Economia

Independência da Catalunha esbarra em medo dos grandes bancos

O Banco Sabadell, quinto maior da Espanha, anunciou que pode deixar a Catalunha, se as autoridades declararem independência

Catalunha (Jon Nazca/Reuters)

Catalunha (Jon Nazca/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de outubro de 2017 às 10h41.

As grandes empresas catalãs entraram na crise política entre Barcelona e Madri, nesta quinta-feira (5), quando o Banco Sabadell, o quinto maior da Espanha, anunciou que pode deixar a Catalunha, cujas autoridades não recuam em seu empenho de declarar independência.

O Banco Sabadell, o segundo maior da Catalunha atrás do Caixabank, decidirá durante a tarde sobre a eventual transferência de sua sede social, confirmou à AFP um porta-voz, depois de perder quase 10% na Bolsa desde o início da semana, enquanto a Espanha enfrenta a mais grave crise política do período democrático.

"Há um conselho marcado para esta quinta-feira à tarde e o tema de uma mudança da sede social é um dos assuntos que será abordado, que será decidido hoje", disse o porta-voz.

A ação do banco iniciou uma recuperação na Bolsa logo após o anúncio. Outro exemplo é o da empresa de biotecnologia Oryzon, cujos títulos subiram 20% após o anúncio da transferência para Madri.

Os acontecimentos aceleraram desde domingo, com o referendo de independência inconstitucional, no qual mais de 90% dos eleitores, segundo o governo catalão de Carles Puigdemont, pronunciaram-se a favor de uma ruptura com a Espanha. A participação eleitoral chegou a pouco mais de 42%.

De acordo com os planos da coalizão de partidos separatistas e do presidente catalão Puigdemont, o Parlamento regional deve proclamar a secessão em sua primeira sessão plenária após o referendo, que pode acontecer na segunda-feira (9) e deve marcar mais um momento de grande tensão na disputa Madri-Barcelona.

A agência de classificação financeira Standard and Poor's (S&P) colocou a nota da Catalunha sob vigilância negativa nesta quarta-feira (5), em consequência da escalada de confronto entre os separatistas catalães e o governo espanhol.

Os separatistas aglutinam diferentes atitudes em relação à economia: do partido de extrema-esquerda antissistema CUP à coalizão de centro-esquerda "Junts pel Sí", mais receptiva ao mundo empresarial e com muitos vínculos com o mundo dos negócios.

Puigdemont não fez referência à economia em seu discurso de quarta-feira à noite, mas tampouco deu sinais de abandonar o objetivo da independência ao declarar: "Hoje estamos mais perto do que ontem do nosso desejo histórico".

Mas para Esteban González Pons, eurodeputado do Partido Popular e figura relevante no partido do primeiro-ministro Mariano Rajoy, o impacto econômico da crise deixou Puigdemont com medo.

De acordo com o jornal catalão "La Vanguardia", os empresários fizeram um "alerta" ao presidente catalão, que insiste em uma mediação internacional para a crise. Essa opção é rejeitada por Madri com veemência.

O governo catalão depende do financiamento de Madri para enfrentar gastos correntes e, embora a S&P acredite que a Catalunha permanecerá como parte da Espanha, "não descarta" um enfraquecimento da cooperação financeira entre os dois governos.

A Catalunha representa 19% do PIB espanhol e disputa com Madri o posto de região mais rica da Espanha, mas é de longe a maior área exportadora do país.

O peso da dívida é um dos pontos fracos da Catalunha, já que representa 35,4% de seu PIB, o que significa que é a terceira região mais endividada da Espanha em termos relativos.

Em valor absoluto, a Catalunha lidera, com uma dívida de 76,7 bilhões de euros no fim de junho.

Com a advertência de que pode alterar a nota (B+/B) da Catalunha nos próximos três meses, a SP Global Ratings explica, em um comunicado, que existe o risco de que "a escalada prejudique a coordenação e a comunicação entre os dois governos, que são essenciais para a capacidade da Catalunha de reembolsar plenamente sua dívida no prazo".

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