Protesto em Seul após o parlamento aprovar a moção de impeachment contra o presidente Yoon Suk Yeol, em dezembro. (ANTHONY WALLACE/AFP)
Redator na Exame
Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 09h31.
A confiança empresarial na Coreia do Sul sofreu o maior declínio desde o início da pandemia de Covid-19, destacando o impacto de uma crise política interna e preocupações crescentes com possíveis tarifas impostas por Donald Trump. As informações são da Bloomberg.
O índice composto de sentimento empresarial para janeiro caiu 7,3 pontos, alcançando 82,4, de acordo com dados divulgados pelo Banco da Coreia nesta sexta-feira, 27. Essa queda representa a maior retração mensal desde abril de 2020. A pesquisa foi conduzida entre os dias 11 e 18 de dezembro e envolveu quase 3.300 empresas.
O cenário político turbulento teve um papel crucial no declínio da confiança empresarial. Em 3 de dezembro, o presidente Yoon Suk Yeol declarou brevemente lei marcial, mergulhando o país em uma crise política que desvalorizou o won frente ao dólar e abalou a confiança de investidores. Em 14 de dezembro, o parlamento, liderado pela oposição, aprovou uma moção de impeachment contra Yoon, que agora aguarda julgamento pela Corte Constitucional.
Esses eventos políticos foram acompanhados por uma queda acentuada no índice de confiança do consumidor, que registrou o maior recuo desde março de 2020.
Antes da crise política, a Coreia do Sul já enfrentava dificuldades econômicas. A demanda por semicondutores, uma das principais exportações do país, mostrou sinais de enfraquecimento, enquanto as perspectivas de Donald Trump retornar à presidência dos Estados Unidos trouxeram preocupações sobre novas políticas protecionistas.
A possibilidade de tarifas comerciais adicionais por parte de Trump adiciona pressão a um cenário já desafiador para as exportações sul-coreanas, que são fundamentais para a economia do país.
O Banco da Coreia anunciou na última quarta-feira, 25, que planeja reduzir ainda mais sua taxa básica de juros em 2025. A decisão segue cortes consecutivos realizados em 2024, marcando uma mudança de política para enfrentar o crescimento econômico mais lento do que o esperado.
Economistas especulam que o banco central pode acelerar seu ciclo de flexibilização monetária, em um esforço para mitigar os impactos da desaceleração econômica.
A queda na confiança empresarial reflete as dificuldades enfrentadas pela Coreia do Sul ao tentar equilibrar desafios políticos internos e as incertezas do cenário econômico global.