Economia

Incerteza foi fator mais presente na economia nos últimos 2 anos diz Campos Neto

"O Brasil teve choque positivo com alta de commodities, mas negativo no social" disse o dirigente

Ao falar de gastos em energia, Campos Neto disse que o Brasil está abaixo da média em gasto para controlar alta de preço de energia (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)

Ao falar de gastos em energia, Campos Neto disse que o Brasil está abaixo da média em gasto para controlar alta de preço de energia (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de novembro de 2022 às 15h58.

Última atualização em 25 de novembro de 2022 às 16h02.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a incerteza foi o fator mais presente na economia mundial nos últimos dois anos. Ele fez discurso na abertura do encontro anual de dirigentes de bancos, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na capital paulista.

"O Brasil teve choque positivo com alta de commodities, mas negativo no social", disse o dirigente.

Ao falar de gastos em energia, Campos Neto disse que o Brasil está abaixo da média em gasto para controlar alta de preço de energia.

O presidente do BC começou o discurso falando de como os bancos centrais lidaram com a pandemia e foram criticados no começo. "Na pandemia, convivemos com preço de energia subindo e capex caindo."

As empresas de energia da Europa estão com menor capex da história há 3 anos, disse Campos Neto.

O presidente do Banco Central disse ainda que o setor financeiro ajudou a superar a crise provocada pela pandemia da covid-19, ao contrário do que se viu em outros momentos da economia global. "Os bancos foram muito importantes nessa crise. Ao contrário de 2008, quando foram parcialmente a causa", comentou.

Inflação

Sobre a inflação nos mercados emergentes, Campos Neto disse o Brasil é destaque, com inflação caindo. "Grande parte do trabalho de política monetária já foi feito", comentou. "Qualitativamente estamos acompanhando algumas melhoras na inflação."

Parte da queda do IPCA, disse ele, veio das desonerações adotadas pelo governo. "A gente vê que inflação no mundo parece que chegou em pico", afirmou.

Mudança no eixo de preocupação

O presidente do Banco Central afirmou que o eixo de preocupação global está mudando e vai deixar de ser só inflação. "A preocupação global vai se virar para desaceleração e coordenação entre política monetária e fiscal", disse. "A gente não pode ter política monetária de um lado e política fiscal do outro", comentou.

Sobre o Brasil, Campos Neto disse que tem uma incerteza em relação ao arcabouço fiscal na curva de juros.

Ele citou ainda que o Brasil tem "oportunidade enorme" com o redesenho de cadeias globais de produção, baseado nos conceitos de proximidade geográfica e cultural entre países — o near shoring.

Reformas estruturais

O presidente do Banco Central reiterou no encontro anual de dirigentes de bancos a importância das reformas para o País. "É muito importante seguir com agenda de reformas estruturais. Diria que reforma tributária e do Estado são muito importantes", afirmou.

Ao falar sobre riscos fiscais em escala global e seus efeitos sobre os mercados, Campos Neto citou o caso do Reino Unido, em que um plano da ex-premiê Liz Truss para cortar impostos gerou forte volatilidade nos mercados.

"Foi a primeira vez na vida que eu lembro de ver o mercado reagindo ao fiscal de um país desenvolvido como se fosse emergente", disse ele.

Campos Neto afirmou que os agentes econômicos estão ansiosos, atualmente, para entender como os governos pretendem reduzir as dívidas públicas em seus países.

Anteriormente, ele disse que sinais sobre o fiscal no ano que vem, após a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tiveram impactos no mercado local.

Na plateia do encontro, esteve o ex-ministro Fernando Haddad, cotado para assumir a Fazenda no governo Lula. Haddad foi acompanhado de outros petistas, como o ex-ministro Alexandre Padilha. Ele representou Lula no encontro.

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