Economia

Inadimplentes admitem que poderiam evitar dívida

Do total de endividados, uma parcela de 46% admite que a dívida poderia ter sido evitada, segundo pesquisa da CNDL


	Pessoa fazendo contas: para o SPC Brasil, o resultado comprova que há espaço para que os consumidores recebam algum tipo de educação financeira
 (Divulgação)

Pessoa fazendo contas: para o SPC Brasil, o resultado comprova que há espaço para que os consumidores recebam algum tipo de educação financeira (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2013 às 14h44.

Brasília - Do total de pessoas que está com "nome sujo" pelo atraso no pagamento de contas, parcela de 46% admite que a dívida poderia ter sido evitada. Dentro desse grupo, a maioria (66%) afirmou que "deveria ter controlado os impulsos e ter resistido mais". Outros 32% admitiram que não estariam inadimplentes caso "tivessem feito um planejamento financeiro, controlando o orçamento sem gastar mais do que recebem".

O resultado está presente em pesquisa divulgada nesta terça-feira, 27, pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). São considerados inadimplentes consumidores que estão com alguma conta em atraso há mais de 90 dias.

O estudo delineou o perfil e os hábitos de consumidores adimplentes e inadimplentes. Foram ouvidas 1.238 pessoas nas 27 capitais brasileiras entre os dias 24 de julho e 1º de agosto.

Para o SPC Brasil, o resultado comprova que há espaço para que os consumidores recebam algum tipo de educação financeira. "Não seria apenas necessária, mas, principalmente bem-vinda, a partir do momento em que o inadimplente reconhece que o atraso poderia ter sido evitado", avalia o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges.

De acordo com Borges, o uso consciente do crédito é especialmente importante para famílias de menor poder aquisitivo, pelo fato de agora poderem ter acesso a bens e serviços que não teriam, caso tivessem de fazer pagamentos à vista. Mas ele adverte que é importante que o desejo de consumir não atropele o planejamento financeiro.

"A simples prática de anotar gastos e despesas, fazer três orçamentos, acompanhar extratos bancários e não comprometer mais do que 30% do orçamento com compras parceladas já são eficientes e podem dar ao consumidor uma vida financeiramente saudável", diz.

Quatro em cada dez consumidores inadimplentes tiveram os nomes incluídos em serviços de proteção ao crédito por atrasos referentes a cartões de crédito (46%) ou financiamentos bancários (40%). Além disso, parcela de quase a metade dos débitos (45%) está concentrada em valores entre R$ 1 mil e R$ 5 mil.


Perfil

O levantamento revela que parcela de 47% dos devedores está concentrada entre os consumidores da classe C. "É natural que a inadimplência esteja focada nos extratos médios da sociedade, se considerarmos que esses brasileiros passaram a ter acesso a crédito barato e desburocratizado em um passado muito recente, sem saber como utilizá-lo de maneira planejada", avalia Borges.

De acordo com a pesquisa, pertencer à classe C, ser autônomo, ter gasto fixo com aluguel e possuir baixa escolaridade são algumas das características dos consumidores inadimplentes.

Entre aqueles que estão com as contas em atraso, 33% moram em casas alugadas. Na avaliação do SPC Brasil, esse tipo de despesa alta consome um porcentual considerável do orçamento familiar e colabora para que haja menos dinheiro disponível para o pagamento das outras contas. Entre os que estão com as contas em dia, fatia de 22% paga aluguel.

Renegociação

De acordo com o SPC Brasil, 84% dos consumidores inadimplentes conseguem quitar as dívidas renegociando o valor diretamente com os bancos. Para a entidade, há uma mudança clara de comportamento na maneira como as instituições financeiras passaram a se relacionar com os clientes, sobretudo os de menor poder aquisitivo. O estudo mostra que o porcentual de consumidores das classes C, D e E que conseguiu chegar a um acordo com o banco é 6% maior do que consumidores das classes A e B.

"A portabilidade das dívidas, implementada no Brasil em abril do ano passado, incentivou o consumidor a transferir os débitos de um banco para o outro em busca de juros menores. Para contornar a concorrência, os bancos estreitaram a relação com os clientes e desburocratizaram a negociação", avalia o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.

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