Economia

Inadimplência no varejo pode subir em 2014, diz CNDL

Crescimento no ano passado foi de 2,33%, mais do que os lojistas esperavam


	Varejo: expectativa da CNDL é que a inadimplência no setor fique, no mínimo, igual à de 2013
 (Patrick T. Fallon/Bloomberg)

Varejo: expectativa da CNDL é que a inadimplência no setor fique, no mínimo, igual à de 2013 (Patrick T. Fallon/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 19h02.

Brasília - A inadimplência no varejo aumentou em 2013 mais do que os lojistas esperavam e a previsão do setor é que a situação se agrave este ano. O crescimento no ano passado foi de 2,33%, superior aos 2% que projetavam a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e o SPC Brasil, responsáveis pelos dados.

Apesar de o número de inadimplentes ter subido, o movimento de alta perdeu fôlego na comparação com 2012, quando o crescimento foi de 12,18%. Essa desaceleração é explicada, segundo o SPC Brasil, por juros mais altos e maior rigor dos bancos na hora de conceder empréstimos. Ou seja, na avaliação da CNDL há um número menor de pessoas contraindo novas dívidas.

"A queda na inadimplência foi gerada porque menos pessoas tomaram empréstimo. Crédito fácil não existe mais, porque as taxas estão mais altas e os bancos, mais restritivos", afirmou a economista da entidade, Luiza Rodrigues.

Para 2014, a expectativa da CNDL é que a inadimplência no setor fique, no mínimo, igual à de 2013, mas "com viés de alta". A justificativa é que, pela primeira vez em vários anos, a perspectiva é de uma inversão no "panorama positivo" do mercado de trabalho.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou em dezembro que o financiamento para o consumo está escasso no País, quando declarou que a economia brasileira cresce com duas pernas mancas.

O Banco Central, também no mês passado, apontou que espera diminuição no crescimento do crédito no País em 2014. De acordo com cálculos apresentados pelo BC, a projeção de expansão para este ano ficou em 13%, menor do que os 14% aguardados para o ano de 2013.

Compras

Mesmo com o impulso da Copa do Mundo, as vendas a prazo no varejo devem encerrar 2014 com crescimento menos favorável do que em 2013. No ano passado, o aumento foi de 4,12%, abaixo dos 4,5% esperados pela CNDL.


Para este ano, a expectativa é que a alta chegue, no máximo, a 4%. Segundo Luiza Rodrigues, a massa salarial continuará crescendo a baixa velocidade ao longo de 2014. Ela disse, ainda, que o cenário econômico "é ligeiramente adverso para o comércio", devido à inflação alta e das taxas de juros elevadas. "Com menos vagas de trabalho sendo criadas e com inflação comendo salários, o poder de compra é limitado."

A diferença entre o resultado de 2013 e a projeção da entidade para as vendas no varejo, segundo ela, se deve ao movimento do emprego. "O mercado de trabalho está menos aquecido do que a gente esperava", justificou.

Futebol

A Copa do Mundo terá impactos diferentes nos setores do varejo, de acordo com a economista. Um dos grandes beneficiados pelo evento será o comércio de bebidas e alimentos, que não ocorrem por meio de vendas a prazo.

A compra de televisões já cresceu, segundo a CNDL, mas ainda tem grande fôlego para este ano. Luiza explica que, se não houvesse o impulso do evento, o crescimento das vendas no varejo poderia ser ainda menor. "Poucas contratações, taxas de juros elevadas e inflação alta são desestimulantes para o comércio."

A economista afirmou que é esperada uma queda na venda de carros neste ano devido à recomposição da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Para os eletrodomésticos da chamada linha branca, que também teve o tributo recomposto, a expectativa é de estabilidade nas vendas.

Em relação à taxa básica de juros, a Selic, a CNDL espera um aumento de 10% para 10,25% na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), cujo resultado será divulgado hoje. Depois desse crescimento, a entidade espera que a taxa se mantenha em 10,25% no restante do ano.

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