Economia

Inadimplência de famílias de SP atinge maior valor em 2 anos

Índice de 18% representa a terceira alta seguida no ano e o maior valor desde julho de 2013


	Em 73,7% das famílias, o passivo principal envolve o cartão de crédito
 (Daniel Acker/Bloomberg)

Em 73,7% das famílias, o passivo principal envolve o cartão de crédito (Daniel Acker/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2015 às 19h30.

São Paulo - A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), produzida mensalmente pela Federação do Comércio de Bens de São Paulo (FecomercioSP), indicou em outubro que 18% das famílias paulistanas estavam inadimplentes, uma alta puxada pelas fatia de baixa renda (renda inferior a 10 salários mínimos).

O índice representa a terceira alta seguida no ano e o maior valor desde julho de 2013.

A pesquisa foi feita com 2.200 pessoas na cidade de São Paulo e também aponta que 52,4% das famílias paulistanas possuem alguma dívida.

Apesar do recuo em relação ao mês anterior, onde 54,7% das famílias estavam endividadas, a comparação com outubro de 2014 é preocupante: o total chegou a 1,88 milhão de pessoas, alta de 7,1%.

Entre a população de baixa renda, 57,5% das famílias possuem algum tipo de contas a pagar. Para o assessor econômico da FecomercioSP, Vitor França, o aumento do número de endividados nesta faixa de renda apresenta um primeiro estágio da contração do consumo.

"As famílias foram até onde podiam ir, já queimaram as reservas que elas tinham, e elas estão sofrendo muito com a alta dos preços, e também com o aumento rápido do desemprego", pondera.

Entre as famílias de renda elevada (acima de 10 salários mínimos), o aumento foi sentido pela pesquisa, que considerou o crescimento "dentro de uma oscilação".

O levantamento mostra que 54% dos paulistanos possuem dívidas com prazos superior a seis meses, mas houve a expansão da parcela de dívidas por períodos mais curtos - o que envolve créditos mais arriscados, como o cartão de crédito.

Em 73,7% das famílias, o passivo principal envolve o cartão de crédito, com larga vantagem para débitos com financiamentos automotivos (18%), carnês em geral (17,7%), residencial (12,8%), crédito pessoal (10,9%) e cheque especial (8,2%).

Tanto o cartão quanto o cheque especial - duas das taxas mais altas entre as operações de pessoas físicas - tiveram aumento no último mês.

"Esse aumento sugere que as famílias de baixa renda estão correndo cada vez mais atrás destas linhas de crédito emergenciais. Isso é extremamente preocupante, pois a gente sabe como essa taxa é alta e como se pode perder o controle das finanças assim", afirma França.

Dentre os entrevistados, 7,1% acreditam que não vão conseguir honrar suas dívidas no próximo mês, o maior valor desde 2009. Entre aqueles que recebem menos de 10 salários mínimos, a afirmação é positiva para quase 10% dos casos.

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