Economia

Importação de gás chega a US$ 2,6 bilhões

O governo mantém as usinas térmicas ligadas para amenizar o esgotamento dos reservatórios das hidrelétricas causada pela estiagem


	Usina térmica: a explosão na demanda do gás pelas térmicas repercutiu diretamente nas importações da matéria-prima
 (Divulgação)

Usina térmica: a explosão na demanda do gás pelas térmicas repercutiu diretamente nas importações da matéria-prima (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2014 às 10h23.

Brasília - A decisão do governo de manter as usinas térmicas ligadas para amenizar o esgotamento dos reservatórios das hidrelétricas causada pela estiagem dos últimos anos teve um profundo impacto no consumo nacional de gás. Isso também implicou em prejuízo às contas externas do País, uma vez que boa parte do principal insumo usado nas usinas termoelétricas, importado da Bolívia, é pago em dólares.

Dados compilados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) apontam um crescimento de mais de quatro vezes no consumo médio de gás pelas térmicas desde 2011. Em números, a combustão média do hidrocarboneto saltou de 10,42 milhões de metros cúbicos, registrada no primeiro ano de mandato da presidente Dilma Rousseff, para uma média de 45,83 milhões de metros cúbicos neste ano.

A explosão na demanda do gás pelas térmicas repercutiu diretamente nas importações da matéria-prima, quadro que consolida o Brasil como forte dependente do produto que vem do exterior.

Entre janeiro e agosto deste ano, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o País gastou US$ 2,645 bilhões na importação de gás. O número, que inclui o consumo residual do insumo por parte da indústria da região Centro-Sul, supera em US$ 1 bilhão a importação registrada nos primeiros oito meses de 2011.

O quadro preocupa, segundo o consultor Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do governo Lula, não apenas porque confirma a dependência nacional de uma matéria-prima que poderia ser beneficiada aqui e revendida para as usinas térmicas, como também pela possibilidade de um pedido de revisão dos preços pelos bolivianos em razão do aumento do consumo. O contrato atual prevê reajuste apenas em 2019.

"A importação é inevitável. No ano que vem voltamos a depender das chuvas, mas essa importação ou aumenta ou continua no mesmo patamar, dificilmente cai", avalia Barral. "Houve negociação com a Bolívia e o contrato está em vigor, mas vão pedir revisão com certeza. Daí, a urgência de o Brasil diversificar as fontes de energia."

Consumo

Os números do MME apontam que a importação de gás, que em 2011 registrava uma média de 28 milhões de metros cúbicos por dia, chega agora a 54 milhões de metros cúbicos. O peso que a geração térmica de energia teve sobre o consumo de gás fica mais evidente quando comparado à utilização do insumo pela indústria.

Antes da crise energética, o setor industrial absorvia mais da metade do gás disponível. Em 2011, a indústria respondeu pelo consumo médio de 40,8 milhões de m³ por dia, de um total de 61,4 milhões consumidos naquele ano, enquanto a demanda térmica não chegava a 11 milhões de metros cúbicos.

Neste ano, a demanda das usinas simplesmente ultrapassou a das indústrias. Da média de 98 milhões de metros cúbicos usados diariamente, 46 milhões são queimados para geração de energia, enquanto a indústria fica com 43 milhões de metros cúbicos.

Mesmo cotado em moeda estrangeira, o gás pode representar uma vantagem competitiva para algumas indústrias de alto consumo de energia, as chamadas eletrointensivas, como cerâmicas e alumínio, por exemplo. Mas neste caso, dificilmente o consumo nacional pela produção vai crescer, pois falta logística para levar o insumo para todas as regiões do País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Comércio exteriorEletricidadeGásImportações

Mais de Economia

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta