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Ênio Verri, presidente de Itaipu, ao lado de barco movido a hidrogênio, desenvolvido pela estatal Foto: Leandro Fonseca Data: 14/11/2025 (Leandro Fonseca /Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 18 de novembro de 2025 às 06h01.
Belém - Para Ênio Verri, presidente da hidrelétrica de Itaipu, a formação de um mercado mais amplo para o uso de hidrogênio como combustível deverá ser rápida, apesar dos vários entraves existentes.
"Nos debates e mesas que fizemos [na COP], vimos muito sobre a política socioambiental e a inovação tecnológica. Mas ainda há um impasse entre as empresas que estão investindo nisso, tanto na iniciativa privada quanto no setor público. Está todo mundo investindo, e eu creio que, em breve, a gente irá fazer uma grande concertação", disse Verri, em conversa com a EXAME.
"Não conseguimos ainda chegar a passar a ponte [da transição energética], mas estamos no melhor momento dessa passagem até agora. Hoje, o mundo tem uma necessidade de redução de emissões de CO2. E o hidrogênio verde é a oportunidade mais barata e mais acessível, considerando o estágio em que a ciência se encontra. Em pouquíssimo tempo, isso já estará embalado e entregue à sociedade. Sendo conservador, com dois, três anos, isso está resolvido. Quando chega nesse estágio, é mais rápido", afirmou.
Verri comparou o avanço do hidrogênio verde ao da energia solar e eólica. Elas se expandiram pelo Brasil nos últimos anos, em meio a uma série de estímulos fiscais e do barateamento de equipamentos, inclusive de baterias para armazenar a energia excedente.
"Hoje o Brasil tem excesso de energia intermitente. O que falta para resolver essa crise? Baterias. Hoje, o problema está praticamente resolvido [tecnicamente], mas a bateria ainda é cara. Em cinco anos, se a bateria tiver escala, o que era muito caro não será mais. O hidrogênio verde está nesse estágio", afirma.
A usina de Itaipu investe em energias alternativas há 20 anos e, no ano passado, inaugurou um laboratório para pesquisar novos combustíveis e hidrogênio verde, nome que o combustível leva quando o hidrogênio é gerado usando energias não poluentes.
Na COP, a estatal apresentou o protótipo de um barco movido 100% a hidrogênio, que navegou nos rios próximos a Belém e será usado por uma cooperativa para recolher lixo reciclável nos arredores da cidade.
A expectativa é que as empresas façam parcerias para avançar na pesquisa e na produção do barco movido a hidrogênio. O combustível é usado para gerar energia e, assim, mover um motor elétrico. O modelo tem autonomia de quatro a seis horas, dependendo das condições de navegação, com 4 kg de hidrogênio.