Economia

Impacto sobre pobres é faceta cruel da mudança climática

Fenômenos climáticos extremos são mais devastadores do que se pensava para populações vulneráveis

 (Uriel Sinai/Getty Images)

(Uriel Sinai/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 14 de novembro de 2016 às 10h00.

Última atualização em 14 de novembro de 2016 às 10h00.

São Paulo - Quando Nargis, o pior ciclone da história de Myanmar, atingiu o pequeno país do sudeste asiático em 2008, seus ventos e chuvas furiosas forçaram quase metade dos agricultores locais a vender seus bens, incluindo as terras, para aliviar a carga de dívida deixada pelo fenômeno.

O impacto devastador dos eventos extremos em países pobres e vulneráveis é uma das facetas mais cruéis das mudanças climáticas, com custos econômicos e sociais crescentes. Na prática, enchentes, secas extremas e mares em elevação colocam em perigo décadas de combate à pobreza no mundo.

Em um novo relatório, o Banco Mundial e o Fundo Mundial para Redução dos Desastres e Recuperação estimam que, a cada ano, os desastres naturais causam uma perda de US$520 bilhões  no consumo mundial e empurram 26 milhões de pessoas para a pobreza.

O informe Unbreakable: Building the Resilience of the Poor in the Face of Natural Disasters adverte que os fenômenos meteorológicos extremos sobre as populações mais vulneráveis são muito mais devastadores do que se pensava.

Na semana em que os países se reúnem em Marraquexe para discutir a implementação do Acordo de Paris, que determina metas de redução de emissões para cada nação, as conclusões do relatório mostram a urgência de se adotar políticas que protejam melhor as populações menos favorecidas.

Em geral, pessoas mais pobres são mais expostas aos riscos ambientais, perdem uma proporção maior de seus bens nessas situações e nem sempre podem recorrer ao apoio de familiares, amigos, sistemas financeiros, nem governos.

O relatório destaca algumas ações que podem ajudar a aumentar a resiliência dessas populações frente aos desastres naturais.

Sistemas de alerta, acesso a serviços bancários personalizados, apólices de seguro e sistemas de proteção social, por exemplo, podem ajudar as pessoas a responderem mais adequadamente à crise e se recuperarem.

Segundo o estudo, se combinadas, essas medidas ajudariam os países a reduzir em 20% o impacto total dos desastres sobre o bem-estar.

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