Economia

Imobiliárias miram setor econômico mais resistente à crise

O segmento econômico de imóveis tem se mostrado a melhor alternativa para corretores e imobiliárias


	Imóveis: deve continuar em 2016 vendas e lançamentos melhores que os imóveis voltados para os médio e alto padrões
 (Getty Images)

Imóveis: deve continuar em 2016 vendas e lançamentos melhores que os imóveis voltados para os médio e alto padrões (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2016 às 21h36.

Rio de Janeiro - O segmento econômico de imóveis tem se mostrado a melhor alternativa para corretores e imobiliárias, uma vez que deve continuar em 2016 com vendas e lançamentos melhores que os imóveis voltados para os médio e alto padrões.

"Eu diria que em 2015 (o segmento econômico) representou pelo menos uns 25 por cento do volume vendido por nós e acho que este ano este volume deve subir. Este ano deve passar de 30 por cento", afirmou o vice-presidente comercial da Abyara Brokers, imobiliária paulistana do grupo Brasil Brokers, Bruno Vivanco.

Segundo ele, o número de corretores imobiliários da Abyara voltados para o setor cresceu 20 por cento de 2015 para 2016, principalmente devido ao recuo do segmento de médio e alto padrão, que segue pressionado pela alta dos juros e baixa confiança do consumidor. Hoje, cerca de 800 profissionais atendem o segmento econômico na Abyara.

Dados da imobiliária mostram que do total de imóveis lançado na cidade de São Paulo em 2015, cerca de 29 por cento foram imóveis econômicos (até 250 mil reais), ante 14 por cento um ano antes. Já a parcela de imóveis com preço médio acima de 500 mil reais caiu de 45 por cento em 2014 para 24 por cento no ano passado.

"O segmento econômico tem um conjunto de lançamentos para 2016 e 2017 bastante intenso em toda a região metropolitana de São Paulo, e até no interior", afirmou Vivanco.

Segundo ele, as incorporadoras podem lançar cerca de 10 mil unidades na região este ano, um número ligeiramente superior a 2015. No Estado do Rio de Janeiro são 45 mil corretores imobiliários ativos e a fatia que passou a trabalhar com o segmento econômico passou para 25 a 30 por cento, de acordo com o diretor do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Rio de Janeiro (Creci-RJ), Laudimiro Cavalcanti. A proporção praticamente dobrou em relação a 2014, quando era de 15 por cento.

"O corretor vai procurar o mercado que está mais aquecido, e para esta área (econômica) ele está aquecido. O corretor não está conseguindo comercializar o luxo, a classe média", disse Cavalcanti. Esta proporção não deve mudar ao longo do ano, na visão do diretor, que acredita que a crise econômica e política vai durar mais quatro ou cinco meses. "Eu acredito que vamos retomar o mercado para a classe média, alta", afirmou. Um dos pilares da venda de imóveis econômicos são os empreendimentos do Minha Casa Minha Vida. No ano passado, a faixa 1 do programa habitacional - cuja maior parte era subsidiada pelo governo federal - não teve contratações e algumas empresas migraram para as faixas 2 e 3, que com as novas regras passaram a ter limites de renda de 3.600 e 6.500 reais, respectivamente.

"No segmento de incorporação, nosso foco (em 2016) será em intensificar os esforços de venda e acelerar o lançamento de empreendimentos MCMV 2 e 3, em que a demanda continua forte e podemos aproveitar nosso modelo industrializado de construção com baixo custo", disse a Direcional Engenharia, em seu relatório de resultados divulgado em meados de março.

No ano passado, a empresa teve aumento de 95 por cento nos lançamentos de empreendimentos para o programa habitacional Minha Casa Minha Vida, e queda de 39 por cento para a média e alta renda.

Mesmo em uma situação melhor do que segmentos de perfil mais alto, a venda de imóveis econômicos também encontra entraves, com maior restrição de concessão de crédito pela Caixa Econômica Federal e um comprador um pouco mais indeciso para efetivar a compra, de acordo com a arquiteta Mariliza Fontes Pereira, do escritório especializado no segmento popular MD.Oito, que atua em São Paulo e Rio de Janeiro.

"Não deixou de ter visitas nos stands (de vendas de imóveis). Mas antes, de 10 visitas, a gente fechava, 7 ou 8 compras. Hoje, são 4 ou 5. As pessoas estão com medo (de comprar) ou o crédito delas não atende as exigências da Caixa", disse.

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