Ilan Goldfajn: "O BC tem que olhar de um lado a inflação baixa e do outro o futuro" (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de abril de 2018 às 16h48.
São Paulo - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ressaltou que há espaço para a autoridade monetária estimular a economia reduzindo os juros. "Estamos de um lado com inflação baixa e com espaço para tentar estimular a economia novamente reduzindo os juros e outras medidas. Ao mesmo tempo temos que saber que para frente há incertezas", afirmou durante palestra em evento do Instituto Coalização Saúde (Icos).
Entre as incertezas, Ilan ressaltou que o cenário externo não deve continuar benigno para sempre, pois os juros vão subir nos mercados desenvolvidos e há ainda o aumento de tensões comerciais.
Há também riscos no ambiente doméstico, principalmente a paralisação da agenda de reformas estruturais. "O BC tem que olhar de um lado a inflação baixa e do outro o futuro", disse ele.
A Selic caiu forte, mas a taxa de juros para o tomador final ainda não, ressaltou Ilan Goldfajn. O dirigente destacou que esse fenômeno é natural, pois o sistema financeiro vem a reboque do corte de juros, e o BC tem tomado medidas estruturais para tentar acelerar este processo.
No crédito, o presidente do BC disse que os empréstimos voltaram a crescer, puxados basicamente pelas pessoas físicas. Nas empresas ainda não houve o mesmo desempenho e parte disso é explicado pelo avanço das operações no mercado de capitais.
"Se de um lado o crédito bancário está crescendo devagar, no mercado de capitais há uma robustez." Custos para emitir debêntures, por exemplo, já ficaram mais baratos que captar dinheiro no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Isso é uma competição saudável."
Ao falar da retomada da economia, Ilan observou que o emprego sempre começa a se recuperar com um pouco de defasagem. É comum o emprego começar a melhorar não na área formal, mas em trabalhos por conta própria, temporários e na economia informal, observou o dirigente.
"Nos trabalhos mais formais o impacto mais forte vem à medida que a recuperação vai se consolidando."
"A sensação de recuperação da economia começou a ser sentida, de fato, no segundo semestre do ano passado", afirmou o presidente do BC.