Economia

Ilan: Minha contribuição será mais efetiva se eu estiver neutro à política

Pré-candidato a presidente pelo PSL, deputado federal Jair Bolsonaro, afirmou que não teria problemas em manter presidente do BC na posição

Ilan Goldfajn: "O Banco Central tem que trabalhar com qualquer cenário, com qualquer partido" (Adriano Machado/Reuters)

Ilan Goldfajn: "O Banco Central tem que trabalhar com qualquer cenário, com qualquer partido" (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de abril de 2018 às 18h21.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que "a minha contribuição no BC e dos diretores é mais efetiva se eu conseguir me manter o mais neutro possível a questões partidárias e políticas."

Ele fez o comentário ao ser questionado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, se permaneceria no cargo, caso o próximo presidente da República convidá-lo para continuar no posto a partir do início de 2019.

O pré-candidato a presidente pelo PSL, deputado federal Jair Bolsonaro, afirmou que não teria problemas em manter Ilan na posição, inclusive porque Paulo Guedes, seu futuro ministro da Fazenda caso seja eleito, gosta dele.

"O Banco Central tem que trabalhar com qualquer cenário, com qualquer partido. O Banco Central tem que ter o seu papel neutro para ajudar a economia no momento de transição."

Câmbio

Goldfajn afirmou que "o papel do BC é dar tranquilidade, evitar volatilidade além da conta, excessiva, sem ligação com fundamentos", ao referir-se sobre o câmbio.

Ele comentou na quinta-feira, 19, em entrevista à TV Bloomberg que a autoridade monetária tem instrumentos para atuar em relação a este preço relativo, caso seja necessário, num contexto de variação excessiva da cotação da moeda brasileira frente à divisa americana.

"Temos um cenário básico de que a economia está se recuperando e a inflação caindo. O cenário internacional ainda é benigno", destacou Goldfajn. "Mas aparece alguma volatilidade incipiente no mercado financeiro, que começou com o temor de alta da inflação nos EUA e depois veio com disputas comerciais", apontou referindo-se a tensões envolvendo os governos de Washington e Pequim sobre aquele tema.

Segundo o presidente do BC, o Brasil está preparado para enfrentar um processo mais forte de incertezas nos mercados internacionais, pois o País tem muitos "amortecedores" para conter volatilidade de ativos financeiros.

"Estamos bem, temos reservas elevadas, swaps cambiais baixos e pequeno déficit de contas correntes", destacou. "Temos também no nosso sistema de metas de inflação espaço, pois a inflação está abaixo da meta", apontou.

"Temos um sistema financeiro robusto, capitalizado e resiliente" disse Goldfajn, acrescentando que o papel do BC é dar tranquilidade, evitar volatilidade além da conta, excessiva, sem ligação com fundamentos da economia. "Temos um seguro adquirido há alguns anos que são reservas elevadas e swaps menores."

Ao ser perguntado sobre como o atual patamar de câmbio é analisado pela gestão da política monetária no Brasil, Ilan Goldfajn destacou que é uma variável importante como outras que são consideradas nas previsões do BC.

"Nas nossas projeções, estão vários fatores, como energia elétrica, petróleo, alimentos. O câmbio também é um preço que a gente olha e avalia a mudança ao longo do tempo. Agimos com o câmbio se ele afeta os preços da economia."

Ele fez as afirmações em entrevista coletiva para jornalistas em meio aos eventos oficiais de que participa na reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington.

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