Economia

Ilan: Copom levará em conta impacto de choques sobre política monetária

De acordo com presidente do BC, "o Copom avaliou como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente, caso as condições se mantivessem"

Ilan Goldfajn: "Esses efeitos tendem a ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas e projeções de inflação ancoradas nas metas" (Adriano Machado/Reuters)

Ilan Goldfajn: "Esses efeitos tendem a ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas e projeções de inflação ancoradas nas metas" (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de junho de 2018 às 18h29.

Brasília - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta segunda-feira, 11, durante evento em São Paulo, que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC levará em consideração, no encontro da próxima semana, que o impacto dos choques recentes sobre a política monetária ocorre através de seus "efeitos secundários" sobre a inflação.

"Ou seja, pela propagação a preços da economia não diretamente afetados pelo choque", disse Goldfajn, em evento organizado pelo Goldman Sachs na capital paulista. "Esses efeitos tendem a ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas e projeções de inflação ancoradas nas metas", ponderou o presidente do BC.

Essas declarações do presidente retomam ideias que constaram na entrevista coletiva de Goldfajn, na quinta-feira passada, e em declarações feitas em eventos da última sexta-feira, também em São Paulo.

De acordo com Goldfajn, "o Copom, em sua reunião de março, avaliou como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente, caso as condições se mantivessem". A Selic (a taxa básica de juros da economia) está atualmente em 6,50% ao ano. "Na próxima reunião, o comitê analisará essas condições com foco como sempre nas projeções e expectativas de inflação e o seu balanço de riscos e tomará a decisão que considere adequada naquele momento", acrescentou.

Goldfajn fez ainda um diagnóstico sobre o cenário externo que, nas últimas semanas, "tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade". "A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais", afirmou. "O mercado apresenta um comportamento volátil, com uma piora na percepção dos agentes internacionais em relação ao cenário global."

Conforme Goldfajn, esta percepção tem provocado "pressões sobre várias economias emergentes, afetando cada país de acordo com suas características particulares". No entanto, ele lembrou que o BC e o Tesouro têm atuado para prover liquidez por meio de leilões de swap cambial - operações cujo efeito é equivalente à venda de dólares no mercado futuro - e para dar liquidez ao mercado de juros. "O BC e o Tesouro Nacional vão continuar oferecendo de forma coordenada liquidez, seja no mercado de câmbio, seja no mercado de juros", disse.

Como afirmou hoje em entrevista exclusiva ao Broadcast, Goldfajn disse que a instituição pode utilizar swaps além dos valores máximos dos estoques no passado (US$ 115 bilhões). Além disso, reafirmou a intenção de ofertar US$ 20 bilhões em swaps até a próxima sexta-feira, dia 15. Em outro momento, ele reafirmou que a política monetária é separada da política cambial.

"O Brasil tem amortecedores robustos, fundamentos sólidos e encontra-se mais preparado para lidar com choques externos", pontuou o presidente do BC. Ao mesmo tempo, defendeu a importância da continuidade das reformas. "O Brasil precisa continuar no caminho de ajustes e reformas para manter a inflação baixa, a queda da taxa de juros estrutural e a recuperação sustentável da economia."

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomIlan Goldfajn

Mais de Economia

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês