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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.
O vice-presidente e homem forte do BNDES, Darc Costa, afirmou hoje (dia 28 de agosto), durante reunião de um grupo temático do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social, em São Paulo, que a saída para o desenvolvimento do país é a cooperação entre o setor público e o privado. "Qualquer criança sabe que a cooperação é a base do capitalismo, mas não é essa a idéia que nos vendem", disse Costa.
Ele defendeu que a principal missão do BNDES em um país como o Brasil é gerar empregos. Questionado sobre o papel pouco efetivo do banco para desenvolver as pequenas e médias empresas, Costa afirmou que o banco já as beneficia com recursos repassados por meio dos bancos de varejo públicos e privados, mas que passará a observar mais de perto a maneira como esses recursos são distribuídos. Uma das medidas, disse Costa, será coibir a popular prática da reciprocidade entre as instituições financeiras e os clientes. "Quando o dinheiro concedido é do governo, pedir em troca do empréstimo a compra de um seguro ou qualquer outro produto é proibido", afirmou Costa.
O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Matoso, também defendeu a participação do BNDES como indutor do crescimento do país. "O Estado voltou a agir para tentar reduzir o hiato entre o Brasil e os países mais avançados, e essas políticas vão ficar mais claras daqui para frente", afirmou Matoso. "Ao contrário do que muitos pensam, elas não significam uma volta ao passado."
Matoso também afirmou que o papel indutor da Caixa não impedirá a instituição de ser competitiva o suficiente para concorrer com os bancos privados de varejo. "Vamos mostrar que podemos ter um bom desempenho e, ainda assim, cumprir nosso papel social", afirmou Matoso. "Acreditar que isso não é possível é um equívoco porque só teremos recursos para repassar se formos competitivos."
Matoso afirmou que as ações da Caixa para ajudar o governo a reduzir o hiato já começaram. Só no primeiro semestre, diz ele, o banco abriu cerca de 500 000 contas simplificadas para correntistas até então à margem do sistema financeiro. Segundo ele, esse era o número de contas que o banco imaginava ter no final deste ano. "Nossa meta agora subiu para 1 milhão de contas", disse ele.
A Caixa pretende dividir essa tarefa com os bancos privados. Segundo Matoso, a direção do banco estuda como as instituições privadas devem participar mais ativamente da concessão de crédito e de financiamentos. "Somos responsáveis, por exemplo, por 91% dos financiamentos habitacionais do país, o que não é normal", diz ele.
De acordo com o deputado federal Delfim Netto, também presente ao encontro, para que o volume de crédito concedido cresça, será preciso que o governo atue para diminuir a concentração bancária. "Temos apenas quatro grandes bancos e um grande tomador de dinheiro, que é o governo", afirmou Delfim. "Enquanto isso não for resolvido, os juros continuarão altos e haverá pouco dinheiro para emprestar".
O deputado também afirmou que, apesar de extremamente endividado, o país não deve se sentir enfraquecido nem temer um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional, FMI, caso ele venha a ser realizado. "Hoje, o FMI depende tanto do Brasil quanto nós dependemos deles", afirmou Delfim. "Somos a única oportunidade que eles têm de mostrar que serviram para alguma coisa."