Economia

Hidrelétricas recebem chuva, mas não superam cenário de crise

Dados da CCEE nesta quinta-feira mostraram que as chuvas no Sudeste e no Sul do Brasil foram abundantes nos últimos dois dias de outubro

Chuvas: o cenário hídrico desfavorável já tem se refletido nas contas de luz (Ian Waldie/Getty Images)

Chuvas: o cenário hídrico desfavorável já tem se refletido nas contas de luz (Ian Waldie/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 1 de novembro de 2017 às 18h09.

São Paulo - O final de outubro e os primeiros dias de novembro tiveram significativa melhora no nível de chuva na região das hidrelétricas, principal fonte de energia do Brasil, mas o movimento ainda não é suficiente para acabar com um cenário de crise de armazenamento nos reservatórios dessas usinas, disse à Reuters uma executiva da consultoria meteorológica Climatempo.

Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta quinta-feira mostraram que as chuvas no Sudeste e no Sul do Brasil foram abundantes nos últimos dois dias de outubro, para um patamar de até 140 por cento da média histórica, ante uma média de entre 70 e 80 por cento até o momento no mês.

Na primeira semana de novembro, as chuvas devem ser acima do normal em todas regiões exceto no Nordeste, enquanto na semana seguinte elas devem seguir superiores à média em todo o país e próximas da normalidade no Sul, de acordo com dados do terminal Eikon, da Thomson Reuters.

O cenário deve permitir que o nível dos reservatórios das usinas hídricas comece a se recuperar por volta do final do mês, mas a retomada ainda será lenta, disse a diretora de meteorologia da Climatempo, Patricia Madeira.

"A tendência é que os reservatórios continuem caindo até o final de novembro, e então vão replecionando lentamente. A gente não deve ter grandes aumentos (de nível de armazenamento) ao longo de dezembro, vai aumentando devagar", apontou ela.

O cenário hídrico desfavorável já tem se refletido nas contas de luz --a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou na semana passada um aumento nas cobranças das bandeiras tarifárias, que elevam o custo da energia em momentos de escassez de oferta.

O Sudeste, que concentra quase 70 por cento da capacidade de armazenamento das hidrelétricas, está hoje com apenas 17,7 por cento do volume nos lagos das usinas.

No Nordeste, segundo colocado em reservatórios, o nível atual é ainda menor, de 6 por cento, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

"De fato, a gente teve alguma boa chuva, outubro não foi tão ruim assim. E ainda há expectativa de alguma chuva nos próximos sete dias... mas no Sudeste, particularmente, vai diminuir bastante depois disso. A tendência é que ainda termine novembro abaixo da média", afirmou Patricia.

Ela prevê que as chuvas no Sudeste devem fechar novembro em torno de 80 por cento da média histórica.

No acumulado do período tradicionalmente de chuvas, que vai até abril, as precipitações nas usinas hídricas do Sudeste devem representar cerca de 70 por cento da média histórica, segundo a consultora, nível ainda suficiente.

"A gente vai sair devendo de novo. O sistema não se recupera agora em 2018, e a expectativa é que a chuva pare mais cedo que o normal. Um período de chuvas muito deficiente, de uma forma geral... para recuperar precisaria de uma chuva muito acima da média, e não é essa a expectativa", apontou ela.

Segundo dados da CCEE, as chuvas na área das hidrelétricas só foram superiores à média histórica em junho, se considerados os últimos 12 meses. A projeção da CCEE é de precipitações em cerca de 66 por cento da média histórica neste mês.

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