Economia

Hidrelétricas perderão espaço na geração de energia para solar e eólica

O governo federal prevê uma redução da participação de usinas hidrelétricas para menos da metade da matriz energética brasileira nos próximos 10 anos

Energia solar: a previsão do governo é que as usinas hidrelétricas deixem de responder por 58% da capacidade do país em gerar energia elétrica (Germano Lüders/Exame)

Energia solar: a previsão do governo é que as usinas hidrelétricas deixem de responder por 58% da capacidade do país em gerar energia elétrica (Germano Lüders/Exame)

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Agência O Globo

Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 17h57.

Brasília - O governo federal prevê uma redução da participação de usinas hidrelétricas para menos da metade da matriz energética brasileira nos próximos dez anos. Enquanto isso, a energia solar, eólica e usinas térmicas abastecidas com gás natural devem crescer. As informações constam no Plano Decenal de Expansão de Energia, que considera o horizonte 2019-2029. O documento foi lançado nesta terça-feira pelo Ministério de Minas e Energia.

O planejamento energético do país prevê a construção de mais dez usinas hidrelétricas no Brasil até 2029. Como todas as usinas são de pequeno e médio porte, a participação desse tipo de fonte na matriz energética tende a cair.

Apesar do país ainda ter um amplo potencial para gerar energia hidrelétrica, a maior parte dessa capacidade está em terras indígenas e em unidades de conservação, onde hoje não é permitido construir usinas hidrelétricas. As hidrelétrias planejadas pelo governo estão fora dessas áreas.

Na semana passada, o governo enviou ao Congresso um projeto para permitir a mineração, a exploração de petróleo e a construção de hidrelétricas em terras indígenas. Mas, não há previsão de mudar a legislação sobre unidades de conservação.

A previsão do governo é que as usinas hidrelétricas deixem de responder por 58% da capacidade do país em gerar energia elétrica, e passe a ser responsável por 42% do total da eletricidade disponível no Brasil.

Por outro lado, a previsão é que a energia solar suba quatro vezes, e passe de 2% para 8%. A participação da energia eólica também deve dar um salto, de 9% para 16% da capacidade instalada no país. As usinas térmicas abastecidas com gás natural sairão de 7% para 14% do total da energia gerada no país.

Esse movimento fará o país ter 80% da sua geração de energia vinda de fontes renováveis. Hoje, são 83%, segundo o Ministério de Minas e Energia.

Na energia nuclear, o governo prevê que Angra 3 entrará em operação em janeiro de 2026. A construção da usina está parada e sem previsão de retorno das obras, que ainda dependem de um acordo da Eletrobras com algum investidor privado. Por conta dessa situação, o governo não prevê oficialmente a construção de nenhuma nova usina nuclear nos próximos dez anos, apesar de defender essa fonte.

“Tendo em vista a necessidade latente de oferta de energia firme, a expansão nuclear também poderia surgir como opção natural. Porém, o início de desenvolvimento do primeiro projeto após Angra 3 deverá ocorrer após o fim do horizonte decenal, em função dos prazos envolvidos de estudos e obtenção de licenças”, diz o texto.

A previsão é construir dez hidrelétricas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul do Brasil. A maior dela é a usina de Tabajara, na bacia do Ji-Paraná, em Rondônia. A usina tem uma potência prevista de 400 megawatts. Apenas para comparação, Itaipu, a maior do país, tem capacidade de 14 mil megawatts.

Atualmente, já há 130 parques eólicos contratados no Nordeste, totalizando 3.438 MW. Mais 21.000 MW devem ser contratados nos próximos dez anos. Para energia solar, atualmente há 1.442 MW em projetos contratados. Serão contratados outros 7.000 MW nesta década.

O governo prevê ainda que o Brasil será o quarto maior produtor de óleo e gás do mundo. Hoje, o país ocupa a sexta posição. O foco será no gás do pré-sal. O plano foi construído com a premissa de um crescimento anual de 2,9% do PIB.

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