Economia

Hidrelétrica de Jirau manobra para ter preço maior

O executivo da companhia responsável por Jirau disse que a ESBR vai reduzir contratos com distribuidoras para o 2º semestre de 2017

Jirau: o leilão da ESBR vai oferecer energia em contratos para entre abril e dezembro de 2017 (Cristiano Mariz/Site Exame)

Jirau: o leilão da ESBR vai oferecer energia em contratos para entre abril e dezembro de 2017 (Cristiano Mariz/Site Exame)

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Reuters

Publicado em 10 de abril de 2017 às 16h52.

São Paulo - A hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, prepara uma manobra para revender a preços maiores parte de sua energia antes negociada junto a distribuidoras e para assegurar uma proteção contra riscos de perdas financeiras com a hidrologia desfavorável em 2017, disse à Reuters nesta segunda-feira o presidente da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), Victor Paranhos.

O executivo da companhia responsável por Jirau disse que a ESBR vai reduzir contratos com as distribuidoras de eletricidade para o segundo semestre de 2017, aproveitando que essas empresas hoje sofrem com excesso de energia devido à redução da demanda nos últimos dois anos, em meio à recessão.

As reduções contratuais devem ser efetivadas ainda nesta segunda-feira pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), e a ESBR agendou para quinta-feira um leilão no qual tentará revender essa energia.

"Já tem um bocado de interessados... estamos descontratando um pedaço da energia, e uma parcela dessa energia vai ser recontratada a um preço mais alto", disse Paranhos.

O leilão da ESBR vai oferecer energia em contratos para entre abril e dezembro de 2017.

A energia vendida por Jirau às distribuidoras está hoje a um preço atualizado de cerca de 147 reais por megawatt-hora, enquanto o preço spot da eletricidade, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), está em 362 reais por megawatt-hora.

Paranhos ainda disse estimar que o PLD seguirá em alta e poderá atingir em junho o valor máximo permitido pela regulação, de 533 reais por megawatt-hora.

A ESBR tem como sócios a francesa Engie, a estatal federal Eletrobras e a japonesa Mitsui.

Seguro hídrico

Paranhos ressaltou, no entanto, que nem toda a energia descontratada de Jirau será negociada com novos clientes.

A ideia da ESBR é reservar uma parcela dessa energia para lidar com uma eventual geração menor da usina neste ano devido às chuvas abaixo da média.

Quando as chuvas não são suficientes para encher os reservatórios, as hidrelétricas podem ter que produzir energia abaixo do previsto em seus contratos, o que gera um impacto financeiro chamado no setor pelo nome técnico "GSF".

A CCEE apresentou no final de maio uma projeção de que o déficit de geração das hidrelétricas do país deverá ter um impacto financeiro de cerca de 21 bilhões de reais sobre o mercado de eletricidade em 2017, conforme usinas ou consumidores precisarão comprar energia mais cara de termelétricas para compensar a falta de chuvas.

"Uma parcela (da energia) vai ficar para fazer frente ao GSF, que vai ser muito elevado", disse Paranhos. "Assim eu reduzo o impacto do GSF no meu fluxo de caixa", explicou.

O executivo disse que Jirau enfrentou um impacto financeiro de 700 milhões de reais devido ao GSF em 2016. A projeção para 2017 é de um custo semelhante.

Paranhos afirmou ainda que a manobra da ESBR para renegociar contratos e se proteger do déficit hídrico contou com aval dos conselheiros da empresa e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), maior financiador de Jirau.

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