Economia

Haverá mais alimentos e preços vão cair, diz relatório

A produção mundial de alimentos aumentará e em geral os preços agrícolas baixarão, segundo um relatório conjunto da OCDE e da FAO


	Feira: produção de alimentos nos próximos dez anos continuará aumentando
 (REUTERS/Juan Medina)

Feira: produção de alimentos nos próximos dez anos continuará aumentando (REUTERS/Juan Medina)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2014 às 10h52.

Roma - Durante os próximos anos a produção mundial de alimentos aumentará e em geral os preços agrícolas baixarão, segundo um relatório conjunto da OCDE e da FAO apresentado nesta quinta-feira em Roma que constata que em geral haverá menos trigo e arroz.

O secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mexicano Ángel Gurría, disse na capital italiana que este relatório é "portador de boas notícias", já que a produção de alimentos nos próximos dez anos continuará aumentando.

Gurría assinalou que no estudo se prevê que o encarecimento dos produtos alimentícios se freie na próxima década, enquanto a produção global irá aumentar no mesmo período.

E disse que "o mais importante" do relatório conjunto é que "demonstra que o planeta tem a capacidade de produzir a comida suficiente para alimentar sua crescente população".

José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), declarou que este relatório "é propício" se for comparado "com os turbulentos anos passados de preços elevados e voláteis".

"A agricultura tem que proporcionar não somente mais alimentos para o consumo humano, mas também matérias-primas para usos industriais, como os biocombustíveis, e para a alimentação animal", acrescentou.

O estudo revela que durante a próxima década haverá menos trigo e arroz e aumentará a produção de cereais de grão grosso, usado para biocombustíveis e alimentação animal, e subirão os preços da carne, dos lácteos e do pescado.

A estrutura mundial da produção agrícola experimentará uma mudança relativa nos próximos dez anos, quando o crescimento da produção de cultivos de cereais será menor que o da pecuária e crescerão os biocombustíveis, segundo disseram a OCDE e a FAO.

Os organismos incluem estas referências em um estudo de perspectivas que se centra sobre o período que vai entre 2014 e 2023.

Embora neste relatório conjunto se constate que haverá um aumento geral dos preços da carne, dos lácteos e do pescado, "em termos reais, no entanto, tanto os preços de cereais como dos produtos animais se prevê que caiam a médio prazo".

O relatório indica que os preços dos cereais cairão "um ou dois anos mais, antes de se estabilizar a níveis que estarão acima do período prévio a 2008, mas significativamente abaixo dos máximos recentes".

A análise conjunta da OCDE e da FAO constata que os preços dos principais cereais caíram desde máximos históricos "em grande medida como consequência das colheitas extraordinárias da campanha 2013-2014".

Atualmente, se acrescenta, os preços da carne e dos lácteos estão "em níveis máximos históricos, especialmente porque sua oferta ficou abaixo das previsões em 2013".

Gurría indicou que para obter maiores benefícios do aumento esperado da produção de alimentos será preciso que haja um maior investimento dos governos, "sobretudo dos mais desenvolvidos" em infraestruturas destinadas ao setor primário para "apoiar seus fazendeiros".

Além disso, pediu para se aumentar os esforços em pesquisa e desenvolvimento, reduzir o desperdício de alimentos e desenvolver programas de segurança alimentar.

"Ainda desperdiçamos demais embora nos últimos tempos a população tenha aprendido muito. Somos capazes de produzir comida para alimentar toda a população, mas desperdiçamos um terço do produzido", alertou o responsável da OCDE.

O relatório indica que os preços dos principais cereais cairão na primeira parte do período considerado (até 2023), o que terá como consequência um aumento do comércio mundial, e que os estoques de arroz na Ásia atingirão máximos históricos.

A demanda procedente desse continente, além da reconstituição dos estoques dos criadores de gado na América do Norte, estará por trás de preços mais elevados para a carne, em particular para a bovina, que alcançará máximos históricos.

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