Economia

Hammond quer incluir serviços financeiros no acordo do "Brexit"

Ministro da Economia do Reino Unido criticou os "céticos" que afirmam que "não se pode fazer um acordo comercial que inclua serviços financeiros"

Philip Hammond: "Um acordo só acontece quando é justo e equilibrado para ambos os lados. Não só é possível incluir serviços financeiros em um acordo comercial, mas também é do interesse mútuo" (Stefan Rousseau/Reuters)

Philip Hammond: "Um acordo só acontece quando é justo e equilibrado para ambos os lados. Não só é possível incluir serviços financeiros em um acordo comercial, mas também é do interesse mútuo" (Stefan Rousseau/Reuters)

E

EFE

Publicado em 7 de março de 2018 às 18h52.

Londres - O ministro da Economia do Reino Unido, Philip Hammond, defendeu nesta quarta-feira que existe um "interesse mútuo" para seu país e a União Europeia (UE) de incluir o acesso aos serviços financeiros em um futuro acordo comercial após o "Brexit".

Em discurso em Londres no qual estabeleceu suas prioridades em relação à saída britânica da UE, Hammond criticou os "céticos" que afirmam que "não se pode fazer um acordo comercial que inclua serviços financeiros porque nunca foi feito antes".

"Todos os acordos comerciais que a UE fez foram únicos", disse o ministro britânico, que acrescentou que qualquer "fragmentação" do City of London, o coração financeiro do Reino Unido, beneficiaria outros mercados internacionais, como Nova York, Cingapura e Hong Kong.

Hammond ressaltou que os bancos britânicos administram 1,5 trilhão de euros em nome de clientes da UE e advertiu que praças europeias como Paris, Frankfurt, Dublin e Luxemburgo não sairiam fortalecidas de um enfraquecimento do setor financeiro do Reino Unido após o "Brexit".

O ministro destacou que o "passaporte" europeu que permite aos bancos britânicos operar no mercado único comunitário "não criou o City of London".

A consolidação da capital britânica como centro financeiro continental se deveu a "uma combinação de intangíveis, como o idioma, o sistema jurídico, o fuso horário, a cultura, as redes, o apetite pelo risco e a gestão das regulamentações", disse Hammond.

Para o ministro da Economia, o "ecossistema" do City of London é "impossível de replicar".

Por tudo isso, Hammond argumentou que "é difícil contemplar qualquer acordo comercial que não inclua os serviços como um pacto justo e equilibrado".

"Um acordo só acontece quando é justo e equilibrado para ambos os lados", enfatizou o ministro, para quem "não só é possível incluir serviços financeiros em um acordo comercial, mas também é do interesse mútuo".

Hammond afirmou que não está surpreso com a "muito dura" posição que a UE expressou na minuta de diretrizes negociadoras sobre sua relação com o Reino Unido.

"Antecipo que manteremos um diálogo profundo e construtivo com eles e espero que o que expressei aqui contribua com as conversações que estamos mantendo", afirmou.

O presidente do Conselho Europeu (CE), Donald Tusk, defendeu hoje que a futura relação com o Reino Unido se baseie em um acordo de livre comércio sem tarifas, que cubra todos os produtos e também os serviços.

O documento comunitário adverte, no entanto, de que as condições impostas pelo governo britânico, que deseja abandonar o mercado único e a união alfandegária ao romper seus laços com a UE, "limitam a profundidade da futura relação" entre ambas as partes.

Acompanhe tudo sobre:BrexitReino UnidoUnião Europeia

Mais de Economia

Qual estado melhor devolve à sociedade os impostos arrecadados? Estudo exclusivo responde

IPCA-15 de novembro sobe 0,62%; inflação acumulada de 12 meses acelera para 4,77%

Governo corta verbas para cultura via Lei Aldir Blanc e reduz bloqueio de despesas no Orçamento 2024

Governo reduz novamente previsão de economia de pente-fino no INSS em 2024